A visão afirmativa de Nietzsche na Segunda Consideração Extemporânea

Resumo: A Segunda consideração extemporânea geralmente é tida em conta por filósofos e historiadores, em razão de sua crítica ao que Nietzsche classifica como “doença histórica”, (“historische Krankheit”). Isso por uma boa razão: a crítica de Nietzsche tem como alvo não apenas a famosa tríade composta por historiadores monumentais, antiquários e críticos, mas também suas modalidades contemporâneas em historiografia e teleologia científicas. O que frequentes vezes é desconsiderado é que o próprio Nietzsche expõe - ainda que numa retórica altamente estilizada - uma concepção afirmativa da história. Essa concepção, como eu proponho, faz o leitor retornar ao enunciado que inaugura o livro, qual seja, o Ceterum Censeo, de Goethe. A demanda de Nietzsche de que a história serve à vida é uma nova aplicação da teoria de Goethe do crescimento morfológico como consequência de forças polares concorrentes para o reino da história. Uma vez que Goethe tinha os organismos vivos como a crescer por meio de forças em concorrência, também Nietzsche entendia que os indivíduos e culturas cresciam por meio de uma história considerada, acima de tudo, uma espécie de arena competitiva em que se expressam impulsos antagonistas.

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Bibliographic Details
Main Author: Jensen,Anthony K.
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Grupo de Estudos Nietzsche 2020
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-82422020000300049
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Summary:Resumo: A Segunda consideração extemporânea geralmente é tida em conta por filósofos e historiadores, em razão de sua crítica ao que Nietzsche classifica como “doença histórica”, (“historische Krankheit”). Isso por uma boa razão: a crítica de Nietzsche tem como alvo não apenas a famosa tríade composta por historiadores monumentais, antiquários e críticos, mas também suas modalidades contemporâneas em historiografia e teleologia científicas. O que frequentes vezes é desconsiderado é que o próprio Nietzsche expõe - ainda que numa retórica altamente estilizada - uma concepção afirmativa da história. Essa concepção, como eu proponho, faz o leitor retornar ao enunciado que inaugura o livro, qual seja, o Ceterum Censeo, de Goethe. A demanda de Nietzsche de que a história serve à vida é uma nova aplicação da teoria de Goethe do crescimento morfológico como consequência de forças polares concorrentes para o reino da história. Uma vez que Goethe tinha os organismos vivos como a crescer por meio de forças em concorrência, também Nietzsche entendia que os indivíduos e culturas cresciam por meio de uma história considerada, acima de tudo, uma espécie de arena competitiva em que se expressam impulsos antagonistas.