CARATERIZAÇÃO DOS ACIDENTES DE TRABALHO NUM HOSPITAL TERCIÁRIO PORTUGUÊS ENTRE 2017 E 2022

RESUMO Introdução Os profissionais de saúde estão expostos a uma multiplicidade de riscos ocupacionais que podem culminar na ocorrência de acidentes de trabalho, originando implicações quer a nível da gestão hospitalar, quer a nível comunitário. Para o desenvolvimento de uma cultura de segurança preventiva, torna-se fundamental analisar as causas que levam à sua ocorrência. O presente trabalho é um estudo descritivo e analítico sobre os acidentes de trabalho ocorridos numa unidade hospitalar, caracterizando-os e relacionando-os com os riscos profissionais. A população alvo do estudo é constituída pelos profissionais de um hospital terciário do norte de Portugal. Objetivos Análise dos Acidentes de Trabalho registados pelo Serviço de Saúde Ocupacional num hospital terciário português. Métodos Trata-se de um estudo observacional retrospetivo entre janeiro de 2017 e dezembro de 2022. Os dados foram obtidos do software do Serviço de Saúde Ocupacional. Resultados Verificaram-se 1279 acidentes de trabalho no período referido de seis anos, sendo que 93,8% ocorreram nas instalações do Centro Hospitalar. Do total de acidentes de trabalho, 82,8% dizem respeito a trabalhadores do sexo feminino. Registou-se maior número de acidentes de trabalho nos assistentes operacionais (43,2%) e enfermeiros (35,5%). O risco mecânico foi onde se encontrou maior incidência (46,4%), seguido do biológico (26,3%) e ergonómico (22,4%). O membro superior (46,3%) e inferior (22,4%) foram as regiões anatómicas mais afetadas. Maioritariamente os dias perdidos resultantes dos acidentes de trabalho encontram-se no intervalo de três a 30 dias (58,8%). Discussão e Conclusão Os acidentes de trabalho apresentaram uma distribuição variável ao longo do período estudado e a maioria destes ocorreu nas instalações do Centro Hospitalar. O risco mecânico, associado às lesões musculoesqueléticas, foi o que originou mais acidentes de trabalho, seguindo-se o risco biológico, estando de acordo com a literatura. Ao longo do período estudado é possível constatar um aumento significativo do número de acidentes de trabalho relacionados com o risco psicossocial, estando estes diretamente relacionados com agressões a profissionais do Centro Hospitalar, sendo assim urgente desenvolver medidas preventivas nesta matéria. Os acidentes de trabalho, pela morbilidade causada e consequente absentismo originado, contribuíram para uma importante perda de produtividade, sendo assim fundamental continuar a investir em políticas preventivas e de melhoria das condições de trabalho no setor na Saúde.

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Bibliographic Details
Main Authors: Pereira,A, Ribeiro,A, Miranda,G, Silva,P, Silva,A, Soares,J, Cruz,L
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Ajeogene Serviços Médicos Lda 2023
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532023000100205
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Summary:RESUMO Introdução Os profissionais de saúde estão expostos a uma multiplicidade de riscos ocupacionais que podem culminar na ocorrência de acidentes de trabalho, originando implicações quer a nível da gestão hospitalar, quer a nível comunitário. Para o desenvolvimento de uma cultura de segurança preventiva, torna-se fundamental analisar as causas que levam à sua ocorrência. O presente trabalho é um estudo descritivo e analítico sobre os acidentes de trabalho ocorridos numa unidade hospitalar, caracterizando-os e relacionando-os com os riscos profissionais. A população alvo do estudo é constituída pelos profissionais de um hospital terciário do norte de Portugal. Objetivos Análise dos Acidentes de Trabalho registados pelo Serviço de Saúde Ocupacional num hospital terciário português. Métodos Trata-se de um estudo observacional retrospetivo entre janeiro de 2017 e dezembro de 2022. Os dados foram obtidos do software do Serviço de Saúde Ocupacional. Resultados Verificaram-se 1279 acidentes de trabalho no período referido de seis anos, sendo que 93,8% ocorreram nas instalações do Centro Hospitalar. Do total de acidentes de trabalho, 82,8% dizem respeito a trabalhadores do sexo feminino. Registou-se maior número de acidentes de trabalho nos assistentes operacionais (43,2%) e enfermeiros (35,5%). O risco mecânico foi onde se encontrou maior incidência (46,4%), seguido do biológico (26,3%) e ergonómico (22,4%). O membro superior (46,3%) e inferior (22,4%) foram as regiões anatómicas mais afetadas. Maioritariamente os dias perdidos resultantes dos acidentes de trabalho encontram-se no intervalo de três a 30 dias (58,8%). Discussão e Conclusão Os acidentes de trabalho apresentaram uma distribuição variável ao longo do período estudado e a maioria destes ocorreu nas instalações do Centro Hospitalar. O risco mecânico, associado às lesões musculoesqueléticas, foi o que originou mais acidentes de trabalho, seguindo-se o risco biológico, estando de acordo com a literatura. Ao longo do período estudado é possível constatar um aumento significativo do número de acidentes de trabalho relacionados com o risco psicossocial, estando estes diretamente relacionados com agressões a profissionais do Centro Hospitalar, sendo assim urgente desenvolver medidas preventivas nesta matéria. Os acidentes de trabalho, pela morbilidade causada e consequente absentismo originado, contribuíram para uma importante perda de produtividade, sendo assim fundamental continuar a investir em políticas preventivas e de melhoria das condições de trabalho no setor na Saúde.