PSITACOSE E SAÚDE OCUPACIONAL

RESUMO Introdução/enquadramento/objetivos A psitacose é uma entidade rara, provocada pela Chlamydophila psittaci. Esta bactéria transmite-se através do contacto com aves contaminadas, nomeadamente as psittaciformes, que incluem papagaios, araras e periquitos, mas também outras espécies, como pombos e galinhas. O objetivo deste trabalho é evidenciar a patologia e o papel da Saúde Ocupacional neste contexto. Metodologia Foi realizada uma pesquisa bibliográfica de artigos publicados em português e inglês, em junho de 2022, nas bases de dados PubMed e Cochrane Library, utilizando as palavras-chave “Psittacosis”, “Occupational exposure” e “Occupational health”. Incluíram-se ainda três artigos, não abrangidos pela pesquisa, relevantes para o trabalho, por espelharem a realidade portuguesa. Conteúdo Os surtos podem ocorrer em trabalhadores com ocupações que envolvam contato com aves vivas ou carcaças, como veterinários, criadores ou trabalhadores de lojas de animais. No entanto, é difícil estabelecer a incidência e prevalência precisas da psitacose, provavelmente devido à falta de rastreios de rotina. A transmissão acontece, maioritariamente, por aerossóis, inalação de urina, fezes ou outras partículas contaminadas; a transmissão entre humanos, embora possível, é rara. O período de incubação varia de cinco a 14 dias, mas pode estender-se por semanas em casos de infeção subaguda ou latente. Tem uma apresentação clínica semelhante a uma síndrome gripal, podendo provocar doença disseminada e até potencialmente fatal. Os achados mais frequentes na radiografia do tórax são consolidação segmentar ou lobar, principalmente nos lobos inferiores. Pode ocasionalmente causar leucocitose marcada, a proteína c-reativa (PCR) encontra-se frequentemente elevada e enzimas hepáticas alteradas em aproximadamente metade dos pacientes hospitalizados, com elevação do aspartato aminotransferase (AST) e baixos níveis séricos de albumina. As tetraciclinas são o fármaco de eleição para o tratamento. Discussão e Conclusões Apesar do número de casos ser aparentemente reduzido, o impacto da doença é muito provavelmente subestimado. Assim, torna-se necessário um aumento da consciencialização desta patologia tanto para os profissionais de Saúde Ocupacional, como para os próprios empregadores e trabalhadores. Por outro lado, é necessária uma abordagem que englobe a colaboração entre agências de saúde humana e animal, laboratórios e profissionais médicos e veterinários, para vigilância, notificação e tratamento atempados. Assim, são importantíssimos a anamnese e o reconhecimento precoce do contexto epidemiológico, tendo em vista o diagnóstico e a instituição da terapêutica adequada. Associadamente, devem ser considerados os fatores de risco ocupacional e controlo das exposições entre os trabalhadores, de forma a prevenir a transmissão no local de trabalho.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Authors: Pereira,J, Vieira,A, Pinto,P, Pereira,A
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Ajeogene Serviços Médicos Lda 2022
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-84532022000200303
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
Description
Summary:RESUMO Introdução/enquadramento/objetivos A psitacose é uma entidade rara, provocada pela Chlamydophila psittaci. Esta bactéria transmite-se através do contacto com aves contaminadas, nomeadamente as psittaciformes, que incluem papagaios, araras e periquitos, mas também outras espécies, como pombos e galinhas. O objetivo deste trabalho é evidenciar a patologia e o papel da Saúde Ocupacional neste contexto. Metodologia Foi realizada uma pesquisa bibliográfica de artigos publicados em português e inglês, em junho de 2022, nas bases de dados PubMed e Cochrane Library, utilizando as palavras-chave “Psittacosis”, “Occupational exposure” e “Occupational health”. Incluíram-se ainda três artigos, não abrangidos pela pesquisa, relevantes para o trabalho, por espelharem a realidade portuguesa. Conteúdo Os surtos podem ocorrer em trabalhadores com ocupações que envolvam contato com aves vivas ou carcaças, como veterinários, criadores ou trabalhadores de lojas de animais. No entanto, é difícil estabelecer a incidência e prevalência precisas da psitacose, provavelmente devido à falta de rastreios de rotina. A transmissão acontece, maioritariamente, por aerossóis, inalação de urina, fezes ou outras partículas contaminadas; a transmissão entre humanos, embora possível, é rara. O período de incubação varia de cinco a 14 dias, mas pode estender-se por semanas em casos de infeção subaguda ou latente. Tem uma apresentação clínica semelhante a uma síndrome gripal, podendo provocar doença disseminada e até potencialmente fatal. Os achados mais frequentes na radiografia do tórax são consolidação segmentar ou lobar, principalmente nos lobos inferiores. Pode ocasionalmente causar leucocitose marcada, a proteína c-reativa (PCR) encontra-se frequentemente elevada e enzimas hepáticas alteradas em aproximadamente metade dos pacientes hospitalizados, com elevação do aspartato aminotransferase (AST) e baixos níveis séricos de albumina. As tetraciclinas são o fármaco de eleição para o tratamento. Discussão e Conclusões Apesar do número de casos ser aparentemente reduzido, o impacto da doença é muito provavelmente subestimado. Assim, torna-se necessário um aumento da consciencialização desta patologia tanto para os profissionais de Saúde Ocupacional, como para os próprios empregadores e trabalhadores. Por outro lado, é necessária uma abordagem que englobe a colaboração entre agências de saúde humana e animal, laboratórios e profissionais médicos e veterinários, para vigilância, notificação e tratamento atempados. Assim, são importantíssimos a anamnese e o reconhecimento precoce do contexto epidemiológico, tendo em vista o diagnóstico e a instituição da terapêutica adequada. Associadamente, devem ser considerados os fatores de risco ocupacional e controlo das exposições entre os trabalhadores, de forma a prevenir a transmissão no local de trabalho.