Aporte de iodo e função tiroideia na gravidez

Objetivo: Rever a evidência científica sobre o aporte de iodo e a função tiroideia na gravidez. Fontes de dados: Bases de dados MEDLINE, Scopus, Google Scholar e SciELO, bem como documentos oficiais da Organização Mundial da Saúde, da American Thyroid Association, do Iodine Global Network e da Direção-Geral da Saúde. Métodos de revisão: Revisão de artigos científicos sobre a espécie humana, escritos em língua inglesa ou portuguesa, e publicados entre 01/01/1990 e 30/09/2016. Estes artigos foram pesquisados através de uma query constituída por termos MeSH: Iodine, Thyroid Gland e Pregnancy. Resultados: Foram analisados exaustivamente 107 artigos e incluíram-se, nesta revisão, dados referentes a 70 artigos, selecionados com base na sua relevância científica. Devido ao aumento das necessidades durante a gravidez e amamentação, o défice de iodo é mais prevalente nestas etapas da vida. Mesmo que ligeiro/moderado, o défice materno de iodo pode afetar o neurodesenvolvimento fetal. Neste contexto, as alterações tiroideias, fisiológicas, durante a gravidez podem tornar-se patológicas, verificando-se diminuição das hormonas livres, aumento da TSH e aumento da tiroglobulina e do volume tiroideu maternos e fetais. Por outro lado, a suplementação iodada durante a gravidez parece ser segura e vários estudos sugerem que se associa a um melhor neurodesenvolvimento fetal, à prevenção do aumento da tiroglobulina e do volume tiroideu. Parece ainda melhorar a TSH, porém, com efeito nulo nas concentrações de hormonas tiroideias totais e livres. Conclusões: O aporte inadequado de iodo é deletério para a função tiroideia materna e neurodesenvolvimento fetal, podendo a suplementação durante a gravidez prevenir a deterioração funcional da tiroide. Contudo, existem poucos ensaios clínicos aleatorizados e a evidência disponível nem sempre é concordante, pelo que é necessária mais investigação sobre este tema.

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Bibliographic Details
Main Authors: Oliveira,Jaime Luís da Rocha, Carvalho,Davide Maurício Costa, Belo,Sandra Patrícia Mota
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar 2018
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732018000500004
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Description
Summary:Objetivo: Rever a evidência científica sobre o aporte de iodo e a função tiroideia na gravidez. Fontes de dados: Bases de dados MEDLINE, Scopus, Google Scholar e SciELO, bem como documentos oficiais da Organização Mundial da Saúde, da American Thyroid Association, do Iodine Global Network e da Direção-Geral da Saúde. Métodos de revisão: Revisão de artigos científicos sobre a espécie humana, escritos em língua inglesa ou portuguesa, e publicados entre 01/01/1990 e 30/09/2016. Estes artigos foram pesquisados através de uma query constituída por termos MeSH: Iodine, Thyroid Gland e Pregnancy. Resultados: Foram analisados exaustivamente 107 artigos e incluíram-se, nesta revisão, dados referentes a 70 artigos, selecionados com base na sua relevância científica. Devido ao aumento das necessidades durante a gravidez e amamentação, o défice de iodo é mais prevalente nestas etapas da vida. Mesmo que ligeiro/moderado, o défice materno de iodo pode afetar o neurodesenvolvimento fetal. Neste contexto, as alterações tiroideias, fisiológicas, durante a gravidez podem tornar-se patológicas, verificando-se diminuição das hormonas livres, aumento da TSH e aumento da tiroglobulina e do volume tiroideu maternos e fetais. Por outro lado, a suplementação iodada durante a gravidez parece ser segura e vários estudos sugerem que se associa a um melhor neurodesenvolvimento fetal, à prevenção do aumento da tiroglobulina e do volume tiroideu. Parece ainda melhorar a TSH, porém, com efeito nulo nas concentrações de hormonas tiroideias totais e livres. Conclusões: O aporte inadequado de iodo é deletério para a função tiroideia materna e neurodesenvolvimento fetal, podendo a suplementação durante a gravidez prevenir a deterioração funcional da tiroide. Contudo, existem poucos ensaios clínicos aleatorizados e a evidência disponível nem sempre é concordante, pelo que é necessária mais investigação sobre este tema.