Os sentidos e os não sentidos da língua portuguesa: questões de língua e linguagem nos contos de Mia Couto

Resumo O presente artigo trata da produção ficcional de Mia Couto, em especial seus contos, analisando o modo como o autor moçambicano trabalha em seus textos questões relacionadas à língua e à linguagem, além de vincularmos tais questões às teorias do pós-colonialismo. Para Mia Couto, o processo de colonização impõe ao colonizado outro modo de falar, que corresponde a outra língua. Assim, em Mia Couto, há que se distinguir uma questão da língua e uma questão da linguagem, ambas inseridas no contexto do pós-colonialismo: a primeira, mais relacionada ao processo de reconstrução idiomática do português no continente africano; a segunda naturalmente vinculada a uma reflexão ideológica que se reflete, metaforicamente, no substrato metalinguístico de sua ficção. Finalmente, destacamos, neste artigo, a dimensão política da escrita de Mia Couto, já que o trabalho com a linguagem, em sua produção ficcional, vincula-se à problemática das identidades se perfazem no contexto histórico de Moçambique, em particular, e da África lusófona, em geral.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Author: Silva,Maurício
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) 2017
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-44522017000200161
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
Description
Summary:Resumo O presente artigo trata da produção ficcional de Mia Couto, em especial seus contos, analisando o modo como o autor moçambicano trabalha em seus textos questões relacionadas à língua e à linguagem, além de vincularmos tais questões às teorias do pós-colonialismo. Para Mia Couto, o processo de colonização impõe ao colonizado outro modo de falar, que corresponde a outra língua. Assim, em Mia Couto, há que se distinguir uma questão da língua e uma questão da linguagem, ambas inseridas no contexto do pós-colonialismo: a primeira, mais relacionada ao processo de reconstrução idiomática do português no continente africano; a segunda naturalmente vinculada a uma reflexão ideológica que se reflete, metaforicamente, no substrato metalinguístico de sua ficção. Finalmente, destacamos, neste artigo, a dimensão política da escrita de Mia Couto, já que o trabalho com a linguagem, em sua produção ficcional, vincula-se à problemática das identidades se perfazem no contexto histórico de Moçambique, em particular, e da África lusófona, em geral.