A hipercontemporaneidade ensanguentada em Ana Paula Maia

Resumo: A trilogia de Ana Paula Maia, composta por Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos, O trabalho sujo dos outros e Carvão animal, descreve cruelmente um grupo de personagens, situados num espaço caracterizado pela subalternidade, humilhação e exclusão social. Através de uma escritura pulp, Ana Paula Maia apresenta uma série de imagens abjetas que tematizam uma polpa de sangue, bichos, violência e esgoto. Alijados do status quo, esses habitantes dos subterrâneos da nossa sociedade, enquanto seres-refugo, desperdiçam as suas vidas fazendo o trabalho sujo para-os-outros. Brutalizadas e coisificadas, essas identidades marginais divertem-se pendurando porcos em ganchos ou contemplando os cães dilacerando-se. Esses homens-de-rinha esperam, sob um calor sufocante do subúrbio, a parte carnosa do real que está urdida sob a égide do resto mutilado do cotidiano: os pedaços dos corpos, dos porcos, dos cães, das esperanças.

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Bibliographic Details
Main Author: Barberena,Ricardo Araújo
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: EDIPUCRS 2016
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-77262016000400458
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Description
Summary:Resumo: A trilogia de Ana Paula Maia, composta por Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos, O trabalho sujo dos outros e Carvão animal, descreve cruelmente um grupo de personagens, situados num espaço caracterizado pela subalternidade, humilhação e exclusão social. Através de uma escritura pulp, Ana Paula Maia apresenta uma série de imagens abjetas que tematizam uma polpa de sangue, bichos, violência e esgoto. Alijados do status quo, esses habitantes dos subterrâneos da nossa sociedade, enquanto seres-refugo, desperdiçam as suas vidas fazendo o trabalho sujo para-os-outros. Brutalizadas e coisificadas, essas identidades marginais divertem-se pendurando porcos em ganchos ou contemplando os cães dilacerando-se. Esses homens-de-rinha esperam, sob um calor sufocante do subúrbio, a parte carnosa do real que está urdida sob a égide do resto mutilado do cotidiano: os pedaços dos corpos, dos porcos, dos cães, das esperanças.