Empreendedorismo na ótica da teoria ator-rede: explorando alternativa às perspectivas subjetivista e objetivista

Analisar o empreendedorismo explorando as implicações dos pressupostos teórico-metodológicos que a Teoria Ator-Rede (TAR) oferece. Numa visão geral, foram consideradas duas perspectivas teóricas para o empreendedorismo: uma subjetivista e outra objetivista. A perspectiva subjetivista privilegia o indivíduo, juntamente com suas habilidades e capacidades inerentes. Em menor evidência na literatura, a perspectiva objetivista privilegia os aspectos materiais do ambiente como causas do empreendedorismo. Considerando ambas, a principal limitação está no pouco valor que cada lado dedica à influência do outro na análise geral das iniciativas empreendedoras, o que revela assimetria. Esta limitação abriu espaço para a inserção da Teoria Ator-Rede (TAR). Ao desconsiderar a dualidade imposta pelas perspectivas iniciais, a TAR permitiu explorar novas possibilidades de compreensão por meio do conceito de simetria (BLOOR, 1976; LATOUR, 2005; LATOUR e WOOLGAR, 1997). Com base nisso, a TAR considera todas as entidades híbridas, compostas ao mesmo tempo de subjetividade e de objetividade indissociáveis. Isso vai contra o modo assimétrico de tratar a realidade, o qual reproduz uma visão dual, mesmo reconhecendo que ambos os aspectos, subjetivos e objetivos, contribuem para o sucesso ou o insucesso das iniciativas empreendedoras. Entendido dessa forma, o emprendedorismo requer a mobilização de diversos agenciamentos em torno de si, mediante o recrutamento de aliados que passam a integrar um movimento negociado, que requer translação constante de interesses. O descortinar desse movimento revela multiplicidade de relações que envolvem, por exemplo, elementos políticos, sociais, econômicos, culturais, científicos, tecnológicos e os próprios protagonistas que, na história contada, habitualmente são considerados empreendedores.

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Bibliographic Details
Main Authors: Tonelli,Dany Flávio, Brito,Mozar José de, Zambalde,André Luiz
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Fundação Getulio Vargas, Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas 2011
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-39512011000600008
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Summary:Analisar o empreendedorismo explorando as implicações dos pressupostos teórico-metodológicos que a Teoria Ator-Rede (TAR) oferece. Numa visão geral, foram consideradas duas perspectivas teóricas para o empreendedorismo: uma subjetivista e outra objetivista. A perspectiva subjetivista privilegia o indivíduo, juntamente com suas habilidades e capacidades inerentes. Em menor evidência na literatura, a perspectiva objetivista privilegia os aspectos materiais do ambiente como causas do empreendedorismo. Considerando ambas, a principal limitação está no pouco valor que cada lado dedica à influência do outro na análise geral das iniciativas empreendedoras, o que revela assimetria. Esta limitação abriu espaço para a inserção da Teoria Ator-Rede (TAR). Ao desconsiderar a dualidade imposta pelas perspectivas iniciais, a TAR permitiu explorar novas possibilidades de compreensão por meio do conceito de simetria (BLOOR, 1976; LATOUR, 2005; LATOUR e WOOLGAR, 1997). Com base nisso, a TAR considera todas as entidades híbridas, compostas ao mesmo tempo de subjetividade e de objetividade indissociáveis. Isso vai contra o modo assimétrico de tratar a realidade, o qual reproduz uma visão dual, mesmo reconhecendo que ambos os aspectos, subjetivos e objetivos, contribuem para o sucesso ou o insucesso das iniciativas empreendedoras. Entendido dessa forma, o emprendedorismo requer a mobilização de diversos agenciamentos em torno de si, mediante o recrutamento de aliados que passam a integrar um movimento negociado, que requer translação constante de interesses. O descortinar desse movimento revela multiplicidade de relações que envolvem, por exemplo, elementos políticos, sociais, econômicos, culturais, científicos, tecnológicos e os próprios protagonistas que, na história contada, habitualmente são considerados empreendedores.