O sindicalismo mineiro frente aos desafios dos anos 90
O que se analisa neste artigo é como os sindicatos dos bancários, metalúrgicos e trabalhadores em telecomunicações têm negociado o (des)emprego, a demanda por qualificação e a remuneração variável. Foram tabuladas/analisadas 3.569 cláusulas de acordos coletivos, e realizadas 26 entrevistas com dirigentes sindicais e empresariais em três Estados (RJ, SP e MG). Os resultados indicam que as mudanças organizacionais foram incomparavelmente mais negociadas no setor metalúrgico do ABC. A flexibilização da jornada foi trocada pela redução (da jornada) sem redução de salário nos setores metalúrgicos paulistas, mas não em Minas Gerais. No setor bancário, houve poucos resultados nas negociações sobre jornada. As negociações em torno da remuneração variável vinculada às metas das empresas aconteceram nos setores metalúrgicos, e não nos setores de serviços. As entrevistas apontam para um sindicalismo mais propositivo, no sentido de uma intervenção negociada, predisposição que não é correspondida pelos empresários, grosso modo. O Estado, que poderia utilizar seu poder regulador para induzir os empresários a negociarem nessa direção não tem produzido resultados satisfatórios. Conclui-se que não há maturidade empresarial no Brasil que permita ao Estado ausentar-se das relações de trabalho.
Main Authors: | , |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Programa de Pós-Graduação em Sociologia - UFRGS
2000
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222000000200009 |
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Summary: | O que se analisa neste artigo é como os sindicatos dos bancários, metalúrgicos e trabalhadores em telecomunicações têm negociado o (des)emprego, a demanda por qualificação e a remuneração variável. Foram tabuladas/analisadas 3.569 cláusulas de acordos coletivos, e realizadas 26 entrevistas com dirigentes sindicais e empresariais em três Estados (RJ, SP e MG). Os resultados indicam que as mudanças organizacionais foram incomparavelmente mais negociadas no setor metalúrgico do ABC. A flexibilização da jornada foi trocada pela redução (da jornada) sem redução de salário nos setores metalúrgicos paulistas, mas não em Minas Gerais. No setor bancário, houve poucos resultados nas negociações sobre jornada. As negociações em torno da remuneração variável vinculada às metas das empresas aconteceram nos setores metalúrgicos, e não nos setores de serviços. As entrevistas apontam para um sindicalismo mais propositivo, no sentido de uma intervenção negociada, predisposição que não é correspondida pelos empresários, grosso modo. O Estado, que poderia utilizar seu poder regulador para induzir os empresários a negociarem nessa direção não tem produzido resultados satisfatórios. Conclui-se que não há maturidade empresarial no Brasil que permita ao Estado ausentar-se das relações de trabalho. |
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