Estudo de uma Rede de Atenção Psicossocial: Paradoxos e Efeitos da Precariedade
Este estudo objetiva compreender a organização da assistência psicossocial em uma cidade de médio porte. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa, baseada no paradigma construtivista e apoiada em produções teóricas do campo da saúde coletiva e saúde mental. As estratégias metodológicas foram grupos focais, entrevistas em profundidade e pesquisa documental. Participaram 80 sujeitos, representados por profissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF), do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), bem como por usuários deste último. Identificaram-se paradoxos e impasses produzidos pela escassez de recursos, pelo lugar que o CAPS assume na atenção psicossocial da cidade e por uma incorporação da política nacional de saúde mental dissociada das reflexões críticas, da história e do constructo conceitual que a produziram. O CAPS assume lugar de referência e confiança para os pacientes, mas se mantém isolado e responsabilizado pelo mandato social sobre a loucura e o louco. Na ESF, os pacientes são identificados por meio dos signos da periculosidade e carência, enquanto que o remédio assume função de agente de apaziguamento, constituindo a principal estratégia terapêutica. Imersa no imaginário da precariedade, a rede estudada ilumina vários riscos para a consolidação da Reforma Psiquiátrica brasileira.
Main Authors: | , , |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Conselho Federal de Psicologia
2014
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932014000300592 |
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Summary: | Este estudo objetiva compreender a organização da assistência psicossocial em uma cidade de médio porte. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa, baseada no paradigma construtivista e apoiada em produções teóricas do campo da saúde coletiva e saúde mental. As estratégias metodológicas foram grupos focais, entrevistas em profundidade e pesquisa documental. Participaram 80 sujeitos, representados por profissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF), do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), bem como por usuários deste último. Identificaram-se paradoxos e impasses produzidos pela escassez de recursos, pelo lugar que o CAPS assume na atenção psicossocial da cidade e por uma incorporação da política nacional de saúde mental dissociada das reflexões críticas, da história e do constructo conceitual que a produziram. O CAPS assume lugar de referência e confiança para os pacientes, mas se mantém isolado e responsabilizado pelo mandato social sobre a loucura e o louco. Na ESF, os pacientes são identificados por meio dos signos da periculosidade e carência, enquanto que o remédio assume função de agente de apaziguamento, constituindo a principal estratégia terapêutica. Imersa no imaginário da precariedade, a rede estudada ilumina vários riscos para a consolidação da Reforma Psiquiátrica brasileira. |
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