Transgênicos e percepção pública da ciência no Brasil

Este artigo tem como objetivo a análise de pesquisas sobre percepções de consumidores, produtores, cidadãos em relação ao uso de alimentos transgênicos, estabelecendo comparações entre as desenvolvidas no Brasil, na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos. Tais pesquisas têm passado a desempenhar um papel central nos debates sobre seus riscos tanto entre os setores a seu favor quanto aos que se manifestam contrários a tal uso. Um dos argumentos centrais deste trabalho é que no Brasil há uma significante carência de dados sobre tal percepção pública. A falta de pesquisas, ou seu número limitadíssimo é aqui considerado uma evidência para caracterizar a trajetória da polêmica no Brasil, com uma significativa ausência de participação pública nos debates sobre transgênicos. Estes giram em torno de atores sociais organizados, que atuam sem ou com parcial representatividade. Também o número limitado de pesquisas expõe os limites da área de marketing, ainda assumindo no Brasil uma perspectiva positivista sobre o consumidor. E, por último, consideramos que podemos relacionar a falta de informação com a falta de problematização no espaço acadêmico sobre os conflitos ou consensos entre conhecimentos peritos e leigos quando estão em questão inovações tecnológicas que envolvem riscos incertos. Na primeira parte focalizamos nas pesquisas realizadas no contexto brasileiro, escolhendo as que passaram a ser destacadas como apóio a argumentos a favor ou contra os transgênicos entre os principais atores sociais envolvidos no debate. Na segunda parte consideramos as pesquisas realizadas em outros paises. Na terceira parte analisamos os limites e vantagens das diferentes pesquisas aqui selecionadas como representativas, o que nos permite nas conclusões formular sugestões para pesquisas de opinião pública no Brasil não só sobre transgenicos, mas também sobre percepção publica da ciência.

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Bibliographic Details
Main Author: Guivant,Julia S.
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: ANPPAS - Revista Ambiente e Sociedade 2006
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-753X2006000100005
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Summary:Este artigo tem como objetivo a análise de pesquisas sobre percepções de consumidores, produtores, cidadãos em relação ao uso de alimentos transgênicos, estabelecendo comparações entre as desenvolvidas no Brasil, na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos. Tais pesquisas têm passado a desempenhar um papel central nos debates sobre seus riscos tanto entre os setores a seu favor quanto aos que se manifestam contrários a tal uso. Um dos argumentos centrais deste trabalho é que no Brasil há uma significante carência de dados sobre tal percepção pública. A falta de pesquisas, ou seu número limitadíssimo é aqui considerado uma evidência para caracterizar a trajetória da polêmica no Brasil, com uma significativa ausência de participação pública nos debates sobre transgênicos. Estes giram em torno de atores sociais organizados, que atuam sem ou com parcial representatividade. Também o número limitado de pesquisas expõe os limites da área de marketing, ainda assumindo no Brasil uma perspectiva positivista sobre o consumidor. E, por último, consideramos que podemos relacionar a falta de informação com a falta de problematização no espaço acadêmico sobre os conflitos ou consensos entre conhecimentos peritos e leigos quando estão em questão inovações tecnológicas que envolvem riscos incertos. Na primeira parte focalizamos nas pesquisas realizadas no contexto brasileiro, escolhendo as que passaram a ser destacadas como apóio a argumentos a favor ou contra os transgênicos entre os principais atores sociais envolvidos no debate. Na segunda parte consideramos as pesquisas realizadas em outros paises. Na terceira parte analisamos os limites e vantagens das diferentes pesquisas aqui selecionadas como representativas, o que nos permite nas conclusões formular sugestões para pesquisas de opinião pública no Brasil não só sobre transgenicos, mas também sobre percepção publica da ciência.