Aborto e estigma: uma análise da produção científica sobre a temática

Resumo O artigo objetiva analisar a produção científica sobre aborto e estigma social e o potencial da categoria estigma para estudos sobre a assistência ao abortamento no Brasil. Utilizou-se o método de revisão integrativa de publicações das bases científicas, optando por não estabelecer limite temporal. Analisou-se 65 publicações com as representações sociais de mulheres que abortam e de profissionais que as atendem; exploram os obstáculos para a implementação das leis do aborto e dos protocolos e normas que facilitariam o acesso a serviços de qualidade. À relevância conceitual de Erving Goffman somou-se a compreensão sobre a transgressão dos estereótipos de gênero, o imperativo da maternidade, a pureza sexual, que marca as mulheres que abortam como seres inferiores, deteriorados: promíscuas, pecadoras, assassinas. Identificaram-se grupos mais afetados pela estigmatização: mulheres em abortamento, profissionais de saúde. O conflito feminino pela dualidade ocultar/revelar seus abortamentos, a objeção de consciência de profissionais e os obstáculos na implementação de políticas públicas emergiram dos trabalhos. A reflexão sobre o papel do estigma pode interferir no ciclo do aborto clandestino e contribuir para o (re) desenho de intervenções que apoiem a redução de danos à saúde sexual e reprodutiva das mulheres.

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Bibliographic Details
Main Authors: Adesse,Leila, Jannotti,Claudia Bonan, Silva,Katia Silveira da, Fonseca,Vania Matos
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva 2016
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232016001203819
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Summary:Resumo O artigo objetiva analisar a produção científica sobre aborto e estigma social e o potencial da categoria estigma para estudos sobre a assistência ao abortamento no Brasil. Utilizou-se o método de revisão integrativa de publicações das bases científicas, optando por não estabelecer limite temporal. Analisou-se 65 publicações com as representações sociais de mulheres que abortam e de profissionais que as atendem; exploram os obstáculos para a implementação das leis do aborto e dos protocolos e normas que facilitariam o acesso a serviços de qualidade. À relevância conceitual de Erving Goffman somou-se a compreensão sobre a transgressão dos estereótipos de gênero, o imperativo da maternidade, a pureza sexual, que marca as mulheres que abortam como seres inferiores, deteriorados: promíscuas, pecadoras, assassinas. Identificaram-se grupos mais afetados pela estigmatização: mulheres em abortamento, profissionais de saúde. O conflito feminino pela dualidade ocultar/revelar seus abortamentos, a objeção de consciência de profissionais e os obstáculos na implementação de políticas públicas emergiram dos trabalhos. A reflexão sobre o papel do estigma pode interferir no ciclo do aborto clandestino e contribuir para o (re) desenho de intervenções que apoiem a redução de danos à saúde sexual e reprodutiva das mulheres.