Alergia a Lipid transfer proteins e omega‑5-gliadina em doentes com cofatores

RESUMO Fundamentos: Os alergénios envolvidos na alergia alimentar exacerbada por cofator (CEFA) variam geograficamente; no Sul da Europa, as Lipid transfer proteins (LTP) têm maior relevância e na Ásia a ómega-5-gliadina (ω5G). As características clinicas parecem diferir consoante o alergénio envolvido. Objetivos: Comparação e caracterização dos doentes com CEFA a LTP (CEFA-LTP) e/ou ω5G (CEFA- ω5G). Métodos: Estudo observacional retrospetivo dos doentes com CEFA-LTP e/ou ω5G, entre 01/2012 e 12/2020. Análise demográfica, sintomas, diagnóstico e seguimento. Resultados: Incluídos 49 doentes: 34 com CEFA-LTP e 15 a ω5G. Grupo CEFA-LTP: média de idades de 30,0±14,7 anos e 50,0% do sexo masculino. O alimento suspeito foi tolerado na ausência de cofatores em 32,4% dos doentes. Os testes cutâneos por picada (TCP) com LTP do pêssego foram positivos em 80,2%. Grupo CEFA-ω5G: média de idades de 40,7±15,9 anos e 67,0% do sexo masculino. Todos toleravam trigo na ausência de cofatores. Os TCP com extrato de trigo foram positivos em 5/12 doentes (41,7%) e com gliadina em 10/12 (66,7%) [valor preditivo positivo (VPP): 90,9%]. O exercício foi o cofator mais frequente (74% CEFA-LTP e 87% CEFA-ω5G). A anafilaxia foi manifestação em 62,0% dos doentes com CEFA-LTP (2 com choque) e em 80,0% dos com CEFA-ω5G (5 com choque). Encontrou-se uma associação entre o alergénio envolvido e choque anafilático (p=0,02): os doentes com CEFA-ω5G tiveram oito vezes mais odd de choque anafilático do que os com CEFA-LTP (OR=8,0, IC 95% [1,34-47,7] (p=0,02). Conclusões: As LTP foram os alergénios mais frequentes. Contudo, considerando a tolerância ao trigo na ausência de cofatores, o baixo VPP do TCP com extrato de trigo e associação a reações mais graves, a sensibilização a ω5G deve ser ativamente pesquisada em todos os doentes com CEFA, para além da sensibilização a LTP.

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Bibliographic Details
Main Authors: Gomes,Joana Queirós, Lopes,Joana Barradas, Sousa,Maria João, Cadinha,Susana, Ferreira,Ana Reis
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica 2023
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212023000200137
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Summary:RESUMO Fundamentos: Os alergénios envolvidos na alergia alimentar exacerbada por cofator (CEFA) variam geograficamente; no Sul da Europa, as Lipid transfer proteins (LTP) têm maior relevância e na Ásia a ómega-5-gliadina (ω5G). As características clinicas parecem diferir consoante o alergénio envolvido. Objetivos: Comparação e caracterização dos doentes com CEFA a LTP (CEFA-LTP) e/ou ω5G (CEFA- ω5G). Métodos: Estudo observacional retrospetivo dos doentes com CEFA-LTP e/ou ω5G, entre 01/2012 e 12/2020. Análise demográfica, sintomas, diagnóstico e seguimento. Resultados: Incluídos 49 doentes: 34 com CEFA-LTP e 15 a ω5G. Grupo CEFA-LTP: média de idades de 30,0±14,7 anos e 50,0% do sexo masculino. O alimento suspeito foi tolerado na ausência de cofatores em 32,4% dos doentes. Os testes cutâneos por picada (TCP) com LTP do pêssego foram positivos em 80,2%. Grupo CEFA-ω5G: média de idades de 40,7±15,9 anos e 67,0% do sexo masculino. Todos toleravam trigo na ausência de cofatores. Os TCP com extrato de trigo foram positivos em 5/12 doentes (41,7%) e com gliadina em 10/12 (66,7%) [valor preditivo positivo (VPP): 90,9%]. O exercício foi o cofator mais frequente (74% CEFA-LTP e 87% CEFA-ω5G). A anafilaxia foi manifestação em 62,0% dos doentes com CEFA-LTP (2 com choque) e em 80,0% dos com CEFA-ω5G (5 com choque). Encontrou-se uma associação entre o alergénio envolvido e choque anafilático (p=0,02): os doentes com CEFA-ω5G tiveram oito vezes mais odd de choque anafilático do que os com CEFA-LTP (OR=8,0, IC 95% [1,34-47,7] (p=0,02). Conclusões: As LTP foram os alergénios mais frequentes. Contudo, considerando a tolerância ao trigo na ausência de cofatores, o baixo VPP do TCP com extrato de trigo e associação a reações mais graves, a sensibilização a ω5G deve ser ativamente pesquisada em todos os doentes com CEFA, para além da sensibilização a LTP.