Depressão e acidente vascular cerebral: Causa ou consequência?

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morbimortalidade em todo o mundo e a depressão é a perturbação psiquiátrica que mais vezes se lhe associa. A depressão pós-AVC ocorre no contexto de um acidente vascular cerebral clinicamente aparente e estima-se uma prevalência de 33% com um pico de incidência nos primeiros seis meses. A depressão pós-AVC é uma condição multifatorial. A idade e características inerentes a cada individuo afetado, apoio familiar e social, défices funcionais e grau de dependência associada, localização e extensão do dano cerebral, partilha de outras comorbilidades vasculares são alguns dos fatores associados ao seu desenvolvimento. A depressão no contexto de um AVC tem sido interpretada como uma reação previsível à nova condição de incapacidade ou como um fator de risco para a ocorrência desse evento vascular. No entanto, as hipóteses das aminas biogénicas, das citoquinas e da depressão vascular apontam para uma correlação bidirecional entre eventos vasculares e depressão. A depressão tem um forte impacto na recuperação funcional pós-AVC e na mortalidade a longo prazo, tornando-se essencial um diagnóstico precoce e um tratamento atempado de forma a permitir uma melhor reabilitação física e emocional destes doentes.

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Bibliographic Details
Main Authors: Ferraz,Inês, Norton,Andreia, Silveira,Celeste
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: ArquiMed - Edições Científicas AEFMUP 2013
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-34132013000400002
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Summary:O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morbimortalidade em todo o mundo e a depressão é a perturbação psiquiátrica que mais vezes se lhe associa. A depressão pós-AVC ocorre no contexto de um acidente vascular cerebral clinicamente aparente e estima-se uma prevalência de 33% com um pico de incidência nos primeiros seis meses. A depressão pós-AVC é uma condição multifatorial. A idade e características inerentes a cada individuo afetado, apoio familiar e social, défices funcionais e grau de dependência associada, localização e extensão do dano cerebral, partilha de outras comorbilidades vasculares são alguns dos fatores associados ao seu desenvolvimento. A depressão no contexto de um AVC tem sido interpretada como uma reação previsível à nova condição de incapacidade ou como um fator de risco para a ocorrência desse evento vascular. No entanto, as hipóteses das aminas biogénicas, das citoquinas e da depressão vascular apontam para uma correlação bidirecional entre eventos vasculares e depressão. A depressão tem um forte impacto na recuperação funcional pós-AVC e na mortalidade a longo prazo, tornando-se essencial um diagnóstico precoce e um tratamento atempado de forma a permitir uma melhor reabilitação física e emocional destes doentes.