Caso II: adulto do sexo masculino, 20 anos, com diarreia não-sanguinolenta

As doenças hepatobiliares são manifestações extra-intestinais comuns da doença inflamatória intestinal (DII). As alterações das provas hepáticas poderão estar presentes em até 30 porcento dos doentes com DII, não parecendo estarem associadas com a actividade ou gravidade da doença e podendo ser relacionáveis com doença hepática específica (autoimune ou não) ou medicação concomitante. Neste sentido, alterações persistentes das provas hepáticas devem ser cuidadosamente avaliadas e integradas no contexto clínico do doente. A colangite esclerosante primária (CEP) é uma das patologias hepatobiliares mais comuns na DII, particularmente nos casos de colite ulcerosa (CU), sobretudo na pancolite. Descrevemos um caso de um doente de 20 anos do sexo masculino diagnosticado com pancolite ulcerosa e alterações persistentes das provas hepáticas. Durante o estudo, o doente apresentou um padrão misto de citólise com predominância colestática (GGT, ALP 3-4xLSN, AST, ALT 2.5x LSN). O estudo etiológico revelou uma IgG elevada e ANCAp positivo. A biópsia hepática realizada não mostrou inequivocamente a entidade anatomopatológica responsável pelas alterações hepatobiliares. O doente foi medicado com mesalazina oral, azatioprina e ácido ursodesoxicólico (AUDC) com efeito parcial. A colangio-RM mostrou uma estenose biliar extra-hepática e a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) revelou uma estenose 3 cm e achados altamente sugestivos de CEP intra-hepática. As biópsias da estenose da via biliar mostraram sinais de atipia pelo que se questiona a eventual presença de malignidade, e consequente optimização da proposta terapêutica.

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Bibliographic Details
Main Authors: Rodrigues,Susana, Lopes,Joanne, Tomé,Luís, Lopes,Susana, Carneiro,Fátima, Macedo,Guilherme
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: ArquiMed - Edições Científicas AEFMUP 2012
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-34132012000200005
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Summary:As doenças hepatobiliares são manifestações extra-intestinais comuns da doença inflamatória intestinal (DII). As alterações das provas hepáticas poderão estar presentes em até 30 porcento dos doentes com DII, não parecendo estarem associadas com a actividade ou gravidade da doença e podendo ser relacionáveis com doença hepática específica (autoimune ou não) ou medicação concomitante. Neste sentido, alterações persistentes das provas hepáticas devem ser cuidadosamente avaliadas e integradas no contexto clínico do doente. A colangite esclerosante primária (CEP) é uma das patologias hepatobiliares mais comuns na DII, particularmente nos casos de colite ulcerosa (CU), sobretudo na pancolite. Descrevemos um caso de um doente de 20 anos do sexo masculino diagnosticado com pancolite ulcerosa e alterações persistentes das provas hepáticas. Durante o estudo, o doente apresentou um padrão misto de citólise com predominância colestática (GGT, ALP 3-4xLSN, AST, ALT 2.5x LSN). O estudo etiológico revelou uma IgG elevada e ANCAp positivo. A biópsia hepática realizada não mostrou inequivocamente a entidade anatomopatológica responsável pelas alterações hepatobiliares. O doente foi medicado com mesalazina oral, azatioprina e ácido ursodesoxicólico (AUDC) com efeito parcial. A colangio-RM mostrou uma estenose biliar extra-hepática e a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) revelou uma estenose 3 cm e achados altamente sugestivos de CEP intra-hepática. As biópsias da estenose da via biliar mostraram sinais de atipia pelo que se questiona a eventual presença de malignidade, e consequente optimização da proposta terapêutica.