Julgamentos de justiça em contexto escolar e comportamentos desviantes na adolescência

Pesquisas no âmbito da justiça, nomeadamente no âmbito do modelo relacional da autoridade (Tyler & Lind, 1992) têm demonstrado que as pessoas quanto mais percepcionam as autoridades como justas mais as legitimam e mais adoptam comportamentos pró-activos face ao grupo. Nesta investigação partimos da hipótese de que os julgamentos de injustiça relativamente à autoridade escolar por parte dos adolescentes estão relacionados com os comportamentos desviantes na adolescência. Além disso, analisamos também a mediação da avaliação das autoridades institucionais na relação entre os julgamentos de justiça e os comportamentos desviantes. Os participantes foram 331 adolescentes, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. Os resultados mostraram que quanto mais positivos são os julgamentos de justiça acerca dos professores, no que respeita aos procedimentos utilizados e à qualidade da relação, menor é o envolvimento dos adolescentes em actos de desvio. Esta relação foi mediada pela avaliação da autoridade institucional e mostrou-se significativa mesmo controlando o efeito da idade e do género. Estes resultados evidenciam que a percepção que os adolescentes têm acerca da relação estabelecida com a autoridade escolar é um factor central na compreensão do desvio e que os julgamentos de justiça procedimental/relacional desempenham um papel relevante no desenvolvimento dessas relações.

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Bibliographic Details
Main Authors: Sanches,Cristina, Gouveia-Pereira,Maria
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: ISPA-Instituto Universitário 2010
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312010000100006
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Description
Summary:Pesquisas no âmbito da justiça, nomeadamente no âmbito do modelo relacional da autoridade (Tyler & Lind, 1992) têm demonstrado que as pessoas quanto mais percepcionam as autoridades como justas mais as legitimam e mais adoptam comportamentos pró-activos face ao grupo. Nesta investigação partimos da hipótese de que os julgamentos de injustiça relativamente à autoridade escolar por parte dos adolescentes estão relacionados com os comportamentos desviantes na adolescência. Além disso, analisamos também a mediação da avaliação das autoridades institucionais na relação entre os julgamentos de justiça e os comportamentos desviantes. Os participantes foram 331 adolescentes, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. Os resultados mostraram que quanto mais positivos são os julgamentos de justiça acerca dos professores, no que respeita aos procedimentos utilizados e à qualidade da relação, menor é o envolvimento dos adolescentes em actos de desvio. Esta relação foi mediada pela avaliação da autoridade institucional e mostrou-se significativa mesmo controlando o efeito da idade e do género. Estes resultados evidenciam que a percepção que os adolescentes têm acerca da relação estabelecida com a autoridade escolar é um factor central na compreensão do desvio e que os julgamentos de justiça procedimental/relacional desempenham um papel relevante no desenvolvimento dessas relações.