Terra e desaforo: violência no campo, brigas e éticas de luta nos faxinais do Paraná

Resumo O presente artigo analisa experiências de assassinato e ameaça de morte vividas por posseiros do município de Pinhão, Paraná, em um conflito por terras que assume múltiplos desdobramentos. Para tanto, observam-se as categorias que os sujeitos acionam para narrar essas experiências: desaforos, provocações, brigas, esperas, brigas de bar, brigas de família. Esses termos não correspondem a tipologias ou códigos normativos, mas expressam formas de viver e reconhecer violações, bem como um saber sobre os perigos constitutivos de famílias, comunidades e da própria luta. Revelam, ainda, os processos de expropriação em seus aspectos performativo e cotidiano, nos quais a morte e sua ameaça compõem reivindicações sobre pessoas e terras e agenciam sujeitos e lugares no conflito. Essas categorias se caracterizam por sua abertura e permanente contestação, representando as maneiras com que os posseiros avaliam moralmente as violências e tensões implicadas no viver em terras em disputa.

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Bibliographic Details
Main Author: Ayoub,Dibe
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS-Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 2021
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132021000100206
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Summary:Resumo O presente artigo analisa experiências de assassinato e ameaça de morte vividas por posseiros do município de Pinhão, Paraná, em um conflito por terras que assume múltiplos desdobramentos. Para tanto, observam-se as categorias que os sujeitos acionam para narrar essas experiências: desaforos, provocações, brigas, esperas, brigas de bar, brigas de família. Esses termos não correspondem a tipologias ou códigos normativos, mas expressam formas de viver e reconhecer violações, bem como um saber sobre os perigos constitutivos de famílias, comunidades e da própria luta. Revelam, ainda, os processos de expropriação em seus aspectos performativo e cotidiano, nos quais a morte e sua ameaça compõem reivindicações sobre pessoas e terras e agenciam sujeitos e lugares no conflito. Essas categorias se caracterizam por sua abertura e permanente contestação, representando as maneiras com que os posseiros avaliam moralmente as violências e tensões implicadas no viver em terras em disputa.