A economia política da política monetária no Primeiro Governo Dilma: uma análise sobre taxa de juros, convenção e rentismo no Brasil

Resumo O presente artigo busca, por meio de um estudo de economia política, aprofundar na análise da condução política monetária do primeiro governo Dilma Rousseff, com ênfase especial para o comportamento da taxa de juros. Com base nas teses sobre dominância financeira da economia política (pós) keynesiana, sobretudo no que concerne aos conceitos de convenção e rentismo, sustenta-se que a redução da taxa nominal de juros acompanhada de uma inflação persistente resultou em um nível de taxa de juros reais abaixo do nível convencionalmente aceito pela população. A partir daí, os setores mais interessados na manutenção da convenção, os setores rentistas e financistas, no afã de retomar o patamar de rentabilidade real, passaram a se organizar em desfavor da política econômica como um todo. Argumenta-se ainda a formação de um processo retroalimentado na economia brasileira, no qual a reação organizada destes setores de oposição resultara no agravamento da crise econômica e política, que por sua vez, fornecera cada vez mais a substância para a atuação destes setores.

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Bibliographic Details
Main Author: Nader,Giordanno
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas 2018
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-06182018000200547
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Summary:Resumo O presente artigo busca, por meio de um estudo de economia política, aprofundar na análise da condução política monetária do primeiro governo Dilma Rousseff, com ênfase especial para o comportamento da taxa de juros. Com base nas teses sobre dominância financeira da economia política (pós) keynesiana, sobretudo no que concerne aos conceitos de convenção e rentismo, sustenta-se que a redução da taxa nominal de juros acompanhada de uma inflação persistente resultou em um nível de taxa de juros reais abaixo do nível convencionalmente aceito pela população. A partir daí, os setores mais interessados na manutenção da convenção, os setores rentistas e financistas, no afã de retomar o patamar de rentabilidade real, passaram a se organizar em desfavor da política econômica como um todo. Argumenta-se ainda a formação de um processo retroalimentado na economia brasileira, no qual a reação organizada destes setores de oposição resultara no agravamento da crise econômica e política, que por sua vez, fornecera cada vez mais a substância para a atuação destes setores.