As Congregações de Notre-Dame de Sion: superioridade masculina e subordinação feminina na Igreja católica

As duas congregações de Notre-Dame de Sion, fundadas na França por Théodore Ratisbonne com dez anos de intervalo, possuem uma comunidade de nome e objetivo, assim como uma regra bastante análoga. Seu desenvolvimento foi, entretanto, bastante diferente. Segundo os critérios da época, a obra de conversão dos judeus não poderia ser exclusivamente feminina. Os padres de Sion foram, então, criados para se dedicar ao apostolado direto do carisma congregacional, mas se desenvolveram com dificuldade a partir de 1925 e adotaram uma orientação conversionista. Já a congregação feminina se afastou progressivamente desse carisma, consagrando-se, com a anuência do fundador, ao ensino das elites. Enquanto as irmãs se submeteram às determinações da hierarquia católica, que as destinavam ao apostolado indireto, as relações entre as congregações decorreram harmoniosamente. O conflito entre elas estalou nos anos 1960, quando as irmãs decidiram investir no campo intelectual e teórico, tradicionalmente reservado ao sexo masculino durante séculos.

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Bibliographic Details
Main Author: Brito,Angela Xavier de
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: UNICAMP - Faculdade de Educação 2014
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072014000100005
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Summary:As duas congregações de Notre-Dame de Sion, fundadas na França por Théodore Ratisbonne com dez anos de intervalo, possuem uma comunidade de nome e objetivo, assim como uma regra bastante análoga. Seu desenvolvimento foi, entretanto, bastante diferente. Segundo os critérios da época, a obra de conversão dos judeus não poderia ser exclusivamente feminina. Os padres de Sion foram, então, criados para se dedicar ao apostolado direto do carisma congregacional, mas se desenvolveram com dificuldade a partir de 1925 e adotaram uma orientação conversionista. Já a congregação feminina se afastou progressivamente desse carisma, consagrando-se, com a anuência do fundador, ao ensino das elites. Enquanto as irmãs se submeteram às determinações da hierarquia católica, que as destinavam ao apostolado indireto, as relações entre as congregações decorreram harmoniosamente. O conflito entre elas estalou nos anos 1960, quando as irmãs decidiram investir no campo intelectual e teórico, tradicionalmente reservado ao sexo masculino durante séculos.