Construções do feminino pós anos sessenta: o caso da maternidade como produção independente

Este trabalho examina a representação do feminino nos discrusos sobre a maternidade através de entrevistas feitas em um grupo de cinco mulheres pertencentes aos extratos médios urbanos e que relataram ter tido seus filhos como "produção independente". As entrevistadas eram profissionais de nível superior, entre quarenta e cinqüenta anos de idade, tiveram seus filhos na década de oitenta, e viveram, como experiência geracional, as discussões de cunho libertário e feminista dos anos sessenta. Os resultados mostraram que as entrevistadas partilham de um mesmo ethos, apresentando os mesmos valores e crenças quanto à independência e à liberdade, e quanto ao lugar tradicionalmente destinado à mulher na maternidade. A "produção independente" revelou-se uma tentativa de construção de um novo lugar para a mulher, a partir do reconhecimento da maternidade como questão feminina, submetida, entretanto, ao universo dos valores do individualismo moderno.

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Bibliographic Details
Main Authors: Szapiro,Ana Maria, Féres-Carneiro,Terezinha
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Curso de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2002
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722002000100019
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Summary:Este trabalho examina a representação do feminino nos discrusos sobre a maternidade através de entrevistas feitas em um grupo de cinco mulheres pertencentes aos extratos médios urbanos e que relataram ter tido seus filhos como "produção independente". As entrevistadas eram profissionais de nível superior, entre quarenta e cinqüenta anos de idade, tiveram seus filhos na década de oitenta, e viveram, como experiência geracional, as discussões de cunho libertário e feminista dos anos sessenta. Os resultados mostraram que as entrevistadas partilham de um mesmo ethos, apresentando os mesmos valores e crenças quanto à independência e à liberdade, e quanto ao lugar tradicionalmente destinado à mulher na maternidade. A "produção independente" revelou-se uma tentativa de construção de um novo lugar para a mulher, a partir do reconhecimento da maternidade como questão feminina, submetida, entretanto, ao universo dos valores do individualismo moderno.