Técnicas da carta-perdida como instrumento de pesquisa social: um estudo sobre preconceito e ajuda

A técnica da carta perdida foi adaptada para o contexto cultural brasileiro. Trezentas cartas endereçadas e seladas, foram colocadas "por engano", simulando perda, nos pára-brisas de veículos em dois estacionamentos. Um bilhete anexo explicava que o autor se desencontrara do amigo, "dono do carro". O bilhete variou, dando a entender que seu autor era masculino ou feminino (fator 1); tinha características pessoais distintas: homossexual, negro ou grupo controle (fator 2); permitindo a possibilidade de contatos telefônicos, ou não (fator 3), num delineamento 2 x 3 x 2. Quem encontrava a carta, podia enviá-la (comportamento pró-social) ou descartá-la. Sessenta e um por cento das cartas foram enviadas. Nenhuma diferença significativa foi encontrada em função das características dos três grupos (controle, negro ou homossexual), de gênero, da interação destes fatores. A possibilidade de telefonar para o remetente, aumentou significativamente o envio de cartas. A técnica mostrou-se promissora por possibilitar, enquanto instrumento não-reativo, o estudo de preconceito e ajuda.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Authors: Silva,Abelardo Vinagre da, Günther,Hartmut, Lara,Andréa de Almeida, Cunha,Ludmila Fernandes da, Almeida,Vânia Jussara da Silva
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Curso de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1998
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79721998000100007
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
Description
Summary:A técnica da carta perdida foi adaptada para o contexto cultural brasileiro. Trezentas cartas endereçadas e seladas, foram colocadas "por engano", simulando perda, nos pára-brisas de veículos em dois estacionamentos. Um bilhete anexo explicava que o autor se desencontrara do amigo, "dono do carro". O bilhete variou, dando a entender que seu autor era masculino ou feminino (fator 1); tinha características pessoais distintas: homossexual, negro ou grupo controle (fator 2); permitindo a possibilidade de contatos telefônicos, ou não (fator 3), num delineamento 2 x 3 x 2. Quem encontrava a carta, podia enviá-la (comportamento pró-social) ou descartá-la. Sessenta e um por cento das cartas foram enviadas. Nenhuma diferença significativa foi encontrada em função das características dos três grupos (controle, negro ou homossexual), de gênero, da interação destes fatores. A possibilidade de telefonar para o remetente, aumentou significativamente o envio de cartas. A técnica mostrou-se promissora por possibilitar, enquanto instrumento não-reativo, o estudo de preconceito e ajuda.