Assistência circulatória com bomba centrífuga no choque cardiogênico após cirurgia com extracorpórea

No período de abril a dezembro de 1990, quatro pacientes foram submetidos a utilização de bomba centrífuga, para suporte circulatório. Em todos, foi colocado previamente balão intra-aórtico e feito uso maciço de drogas vasoativas. A primeira paciente apresentava aneurisma de ventrículo esquerdo, com fração de ejeção de 16% no pré-operatório. Após correção do aneurisma, não se conseguiu retirá-la de extracorpórea pelos métodos convencionais. Optou-se, então, pelo uso de assistência ventricular esquerda, que foi mantida por 48 horas. Teve boa evolução, estando, atualmente, no 11º mês de pós-operatório em classe funcional II. O segundo caso foi de paciente submetido a revascularização do miocárdio e troca valvar mitral. No 2? dia de pós-operatório, apresentou oclusão de ponte de safena para descendente anterior, com infarto e parada cardíaca. Massageado, reaberto e recolocado em circulação extracorpórea, não saiu de "bomba". O ventrículo esquerdo apresentava infarto anterior extenso, sendo colocado em assistência ventricular esquerd como "ponte" para transplante. Após cinco dias de assistência, sem se conseguir doador, apresentou óbito por embolia pulmonar. O terceiro caso foi de paciente com má função ventricular esquerda, submetido a revascularização do miocárdio. Também não se conseguiu retirar de circulação extracorpórea. Foi colocado em assistência ventricular esquerda por 32 horas, quando se conseguiu retirar a bomba centrífuga. Esse paciente apresentou distúrbios severos de coagulação. Apesar de estável hemodinamicamente, houve piora progressiva da função pulmonar, com óbito no 4º dia de pós-operatório. O quarto caso foi de paciente submetido a correção de aneurisma de ventrículo esquerdo e revascularização do miocárdio. Não se conseguiu retirar de circulação extracorpórea, e optado por assistência ventricular esquerda com bomba centrífuga. Apresentou melhora progressiva de função ventricular, sendo possível a retirada da bomba centrífuga após 60 horas. O paciente faleceu no 35º dia de pós-operatório por complicações respiratórias. Acreditamos que a utilização com maior freqüência e mais precocemente de assistência circulatória, permitirá uma redução da mortalidade global. O uso de ecocardiograma intra-esofágico nos nossos quatro pacientes foi útil na avaliação da evolução da função ventricular, fornecendo subsídios para retirada ou não da assistência.

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Bibliographic Details
Main Authors: Pêgo-Fernandes,Paulo M, Moreira,Luiz Felipe P, Stolf,Noedir A. G, Oliveira,Sérgio Almeida de, Moraes,Álvaro V, Auler Júnior,José Otávio C, Jatene,Adib D
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular 1991
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-76381991000200005
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Summary:No período de abril a dezembro de 1990, quatro pacientes foram submetidos a utilização de bomba centrífuga, para suporte circulatório. Em todos, foi colocado previamente balão intra-aórtico e feito uso maciço de drogas vasoativas. A primeira paciente apresentava aneurisma de ventrículo esquerdo, com fração de ejeção de 16% no pré-operatório. Após correção do aneurisma, não se conseguiu retirá-la de extracorpórea pelos métodos convencionais. Optou-se, então, pelo uso de assistência ventricular esquerda, que foi mantida por 48 horas. Teve boa evolução, estando, atualmente, no 11º mês de pós-operatório em classe funcional II. O segundo caso foi de paciente submetido a revascularização do miocárdio e troca valvar mitral. No 2? dia de pós-operatório, apresentou oclusão de ponte de safena para descendente anterior, com infarto e parada cardíaca. Massageado, reaberto e recolocado em circulação extracorpórea, não saiu de "bomba". O ventrículo esquerdo apresentava infarto anterior extenso, sendo colocado em assistência ventricular esquerd como "ponte" para transplante. Após cinco dias de assistência, sem se conseguir doador, apresentou óbito por embolia pulmonar. O terceiro caso foi de paciente com má função ventricular esquerda, submetido a revascularização do miocárdio. Também não se conseguiu retirar de circulação extracorpórea. Foi colocado em assistência ventricular esquerda por 32 horas, quando se conseguiu retirar a bomba centrífuga. Esse paciente apresentou distúrbios severos de coagulação. Apesar de estável hemodinamicamente, houve piora progressiva da função pulmonar, com óbito no 4º dia de pós-operatório. O quarto caso foi de paciente submetido a correção de aneurisma de ventrículo esquerdo e revascularização do miocárdio. Não se conseguiu retirar de circulação extracorpórea, e optado por assistência ventricular esquerda com bomba centrífuga. Apresentou melhora progressiva de função ventricular, sendo possível a retirada da bomba centrífuga após 60 horas. O paciente faleceu no 35º dia de pós-operatório por complicações respiratórias. Acreditamos que a utilização com maior freqüência e mais precocemente de assistência circulatória, permitirá uma redução da mortalidade global. O uso de ecocardiograma intra-esofágico nos nossos quatro pacientes foi útil na avaliação da evolução da função ventricular, fornecendo subsídios para retirada ou não da assistência.