Religião e transtornos mentais em pacientes internados em um hospital geral universitário

A fim de determinar a prevalência de transtornos mentais em uma amostra de pacientes de um hospital geral e sua relação com a denominação religiosa e religiosidade, foram investigados 253 pacientes internados no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas por intermédio de um questionário sócio-demográfico e um instrumento para diagnóstico psiquiátrico (MINI-Plus). A maioria dos pacientes era católica (63,2%; n = 177); seguidos dos evangélicos pentecostais (20,4%; n = 57); dos "sem-religião" (7,5%; n = 21); espíritas (4,3%; n = 12) e protestantes históricos (2,3%; n = 8). Consideraram-se muito religiosos 43,2% (n = 116), religiosos 46,9% (n = 129), pouco religiosos 9,8% (n = 27), não religiosos 1,1% (n = 3). A filiação religiosa evangélica e maior freqüência a cultos relacionaram-se à menor freqüência de problemas com álcool. É possível que a filiação religiosa evangélica exerça uma ação inibidora na ocorrência de transtornos relacionados ao álcool. Indivíduos muito religiosos ou pouco/nada religiosos apresentaram maior prevalência de transtorno bipolar. A dimensão intensidade da religiosidade revelou-se modestamente associada à prevalência geral dos transtornos, especialmente ao transtorno bipolar. É razoável que situações extremas (de muito ou reduzido envolvimento) relacionem-se a tal achado, relacionando tanto a busca exacerbada ou o afastamento da religiosidade com estados mentais alterados.

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Bibliographic Details
Main Authors: Soeiro,Rachel Esteves, Colombo,Elisabetta S., Ferreira,Marianne H. F., Guimarães,Paula S. A., Botega,Neury J., Dalgalarrondo,Paulo
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz 2008
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2008000400009
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Summary:A fim de determinar a prevalência de transtornos mentais em uma amostra de pacientes de um hospital geral e sua relação com a denominação religiosa e religiosidade, foram investigados 253 pacientes internados no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas por intermédio de um questionário sócio-demográfico e um instrumento para diagnóstico psiquiátrico (MINI-Plus). A maioria dos pacientes era católica (63,2%; n = 177); seguidos dos evangélicos pentecostais (20,4%; n = 57); dos "sem-religião" (7,5%; n = 21); espíritas (4,3%; n = 12) e protestantes históricos (2,3%; n = 8). Consideraram-se muito religiosos 43,2% (n = 116), religiosos 46,9% (n = 129), pouco religiosos 9,8% (n = 27), não religiosos 1,1% (n = 3). A filiação religiosa evangélica e maior freqüência a cultos relacionaram-se à menor freqüência de problemas com álcool. É possível que a filiação religiosa evangélica exerça uma ação inibidora na ocorrência de transtornos relacionados ao álcool. Indivíduos muito religiosos ou pouco/nada religiosos apresentaram maior prevalência de transtorno bipolar. A dimensão intensidade da religiosidade revelou-se modestamente associada à prevalência geral dos transtornos, especialmente ao transtorno bipolar. É razoável que situações extremas (de muito ou reduzido envolvimento) relacionem-se a tal achado, relacionando tanto a busca exacerbada ou o afastamento da religiosidade com estados mentais alterados.