A influência da comorbidade com transtornos alimentares na apresentação de mulheres dependentes de substâncias psicoativas

A associação entre transtornos alimentares e dependência de substâncias é freqüente na prática clínica. Apesar de já existirem dados sugestivos de que essa associação possa sinalizar maior severidade nos distúrbios psiquiátricos e clínicos das pacientes, poucas pesquisas avaliaram sua influência no tratamento. Oitenta mulheres dependentes de álcool e drogas que procuraram tratamento em um programa exclusivo para mulheres foram avaliadas por meio da Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV (SCID), do ASI, e de um questionário padronizado para a coleta de dados sociodemográficos e relativos ao uso de substâncias psicoativas. As 27 (33,75%) pacientes que tinham transtornos alimentares presentes (grupo com TA) foram comparadas com as 53 (66,25%) que não tinham essa comorbidade (grupo sem TA). Os resultados mostraram que o grupo com TA teve problemas com drogas de maneira mais precoce, era significativamente mais jovem e tinha maior severidade no uso destas que o grupo sem TA. As diferenças encontradas, bem como a alta prevalência dos transtornos alimentares não formais, enfatizam a importância de uma avaliação detalhada dos transtornos alimentares em pacientes dependentes de substâncias psicoativas que buscam tratamento. A fim de planejar abordagens terapêuticas efetivas, essas diferenças e, principalmente, a influência da comorbidade entre transtornos alimentares e dependência de substâncias psicoativas no tratamento da dependência química precisam ser investigadas no futuro.

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Bibliographic Details
Main Authors: Brasiliano,Silvia, Hochgraf,Patricia B.
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo 2006
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832006000300003
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Summary:A associação entre transtornos alimentares e dependência de substâncias é freqüente na prática clínica. Apesar de já existirem dados sugestivos de que essa associação possa sinalizar maior severidade nos distúrbios psiquiátricos e clínicos das pacientes, poucas pesquisas avaliaram sua influência no tratamento. Oitenta mulheres dependentes de álcool e drogas que procuraram tratamento em um programa exclusivo para mulheres foram avaliadas por meio da Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV (SCID), do ASI, e de um questionário padronizado para a coleta de dados sociodemográficos e relativos ao uso de substâncias psicoativas. As 27 (33,75%) pacientes que tinham transtornos alimentares presentes (grupo com TA) foram comparadas com as 53 (66,25%) que não tinham essa comorbidade (grupo sem TA). Os resultados mostraram que o grupo com TA teve problemas com drogas de maneira mais precoce, era significativamente mais jovem e tinha maior severidade no uso destas que o grupo sem TA. As diferenças encontradas, bem como a alta prevalência dos transtornos alimentares não formais, enfatizam a importância de uma avaliação detalhada dos transtornos alimentares em pacientes dependentes de substâncias psicoativas que buscam tratamento. A fim de planejar abordagens terapêuticas efetivas, essas diferenças e, principalmente, a influência da comorbidade entre transtornos alimentares e dependência de substâncias psicoativas no tratamento da dependência química precisam ser investigadas no futuro.