A morte do alferes Cabrita e a Paixão portuguesa

O artigo analisa o modo como o filme Non, ou a vã glória de mandar (1990), de Manoel de Oliveira, se compõe como figuração da história de Portugal, desde o momento da formação nacional até o limiar da Revolução dos Cravos, longo percurso que o cineasta condensa através da justaposição de épocas históricas observadas como manifestações de uma recusa reiterada: um implacável princípio do "Non" frustra variadas formas de sonho imperial e tem como cena emblemática a batalha de Alcácer-Quibir em 1578. Inspirado numa passagem de sermão do Padre Vieira, o filme traz uma reflexão sobre tal percurso na tônica de uma poética do desastre que, em seu final, ganha nova inflexão pelo cotejo entre o espectro de D. Sebastião e o destino do seu protagonista, o alferes Cabrita, no ocaso da guerra colonial em terras africanas.

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Bibliographic Details
Main Author: Xavier,Ismail
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Centro Brasileiro de Análise e Planejamento 2013
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002013000300009
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Description
Summary:O artigo analisa o modo como o filme Non, ou a vã glória de mandar (1990), de Manoel de Oliveira, se compõe como figuração da história de Portugal, desde o momento da formação nacional até o limiar da Revolução dos Cravos, longo percurso que o cineasta condensa através da justaposição de épocas históricas observadas como manifestações de uma recusa reiterada: um implacável princípio do "Non" frustra variadas formas de sonho imperial e tem como cena emblemática a batalha de Alcácer-Quibir em 1578. Inspirado numa passagem de sermão do Padre Vieira, o filme traz uma reflexão sobre tal percurso na tônica de uma poética do desastre que, em seu final, ganha nova inflexão pelo cotejo entre o espectro de D. Sebastião e o destino do seu protagonista, o alferes Cabrita, no ocaso da guerra colonial em terras africanas.