Horkheimer entre marx e schopenhauer: do materialismo pessimista ao pessimismo materialista

RESUMO: Partindo de avaliações retrospectivas de Horkheimer sobre seu percurso intelectual, procuramos mostrar que tanto Schopenhauer quanto Marx constituem uma influência permanente na obra do fundador da teoria crítica: com efeito, a maior evidência de um dos dois autores em certo momento da trajetória de Horkheimer não implica o desaparecimento do outro, mas antes o pressupõe como fundamento, ainda que latente. É que, embora estabeleça uma interlocução com cada um deles considerado isoladamente, o determinante, a nosso ver, é a leitura conjugada que Horkheimer realiza de ambos: por incompatíveis que pareçam, as esperanças de racionalização e emancipação sociais inspiradas em Marx e o pessimismo de Schopenhauer relacionam-se intrinsecamente, donde resultam um materialismo necessariamente pessimista e um pessimismo necessariamente materialista. Pretendemos evidenciar, porém, que, em virtude do modo pelo qual Horkheimer dialoga com a tradição filosófica, bem como em razão de mudanças de configuração histórica e, por conseguinte, teórica, a relação entre o pessimismo de Schopenhauer e o anseio emancipatório animado por Marx assume aspectos diversos e nuançados no decurso de sua obra.

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Bibliographic Details
Main Author: Corbanezi,Eder
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual Paulista, Departamento de Filosofia 2017
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732017000400111
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Summary:RESUMO: Partindo de avaliações retrospectivas de Horkheimer sobre seu percurso intelectual, procuramos mostrar que tanto Schopenhauer quanto Marx constituem uma influência permanente na obra do fundador da teoria crítica: com efeito, a maior evidência de um dos dois autores em certo momento da trajetória de Horkheimer não implica o desaparecimento do outro, mas antes o pressupõe como fundamento, ainda que latente. É que, embora estabeleça uma interlocução com cada um deles considerado isoladamente, o determinante, a nosso ver, é a leitura conjugada que Horkheimer realiza de ambos: por incompatíveis que pareçam, as esperanças de racionalização e emancipação sociais inspiradas em Marx e o pessimismo de Schopenhauer relacionam-se intrinsecamente, donde resultam um materialismo necessariamente pessimista e um pessimismo necessariamente materialista. Pretendemos evidenciar, porém, que, em virtude do modo pelo qual Horkheimer dialoga com a tradição filosófica, bem como em razão de mudanças de configuração histórica e, por conseguinte, teórica, a relação entre o pessimismo de Schopenhauer e o anseio emancipatório animado por Marx assume aspectos diversos e nuançados no decurso de sua obra.