Composição de bandos mistos de aves em fragmentos de mata atlântica no sudeste do Brasil
A fragmentação de habitats tem sido um dos assuntos mais discutidos na biologia da conservação nos últimos anos. Entretanto, poucos estudos tem avaliado os efeitos da fragmentação de florestas em bandos mistos de aves. Esses bandos são associações de duas ou mais espécies, cuja coesão está relacionada à cadeia de interações entre os membros dos bandos. As duas vantagens seletivas invocadas para explicar a evolução do comportamento de viver em bandos mistos de espécies são o declínio no risco de predação e aumento na eficiência no forrageamento. O objetivo do presente estudo foi analisar a composição de bandos mistos em relação ao tamanho dos fragmentos de Mata Atlântica durante as estações seca e chuvosa, na região da Zona da Mata, sudoeste do Estado de Minas Gerais, Brasil. Foram identificados três tipos distintos de bandos mistos na área estudada: bandos heterogêneos, bandos do sub-bosque e bandos de copa. O primeiro foi observado em todos os fragmentos florestais, enquanto bandos do sub-bosque foram observados em apenas três fragmentos. Bandos de copa são raros em todos os fragmentos. Algumas espécies participaram de dois tipos de bandos. Trichothraupis melanops e Basileurus culicivorus foram as espécies nucleares dos bandos heterogêneos. Habia rubica foi a espécie mais importante na formação e coesão de bandos do sub-bosque. Em bandos de copa, nenhuma das espécies apresentou características similares. Analisamos aqui o efeito da estação e da área do fragmento florestal na composição de bandos heterogêneos e de sub-bosque, baseados em dois enfoques: 1) - freqüência de espécies e 2) - características ecológicas das espécies do bando. Em relação à freqüência das espécies, a sazonalidade afetou a composição de bandos heterogêneos mais fortemente que a área do fragmento. Apenas dois fragmentos florestais diferiram levemente na composição de bandos heterogêneos. Tanto a área quanto a sazonalidade influenciaram a composição de bandos do sub-bosque. Excluindo a categoria de espécies de dossel dos bandos heterogêneos, que decresceu com a área do fragmento na estação chuvosa, a proporção geral de espécies nas categorias dependentes da floresta, estrato de forrageamento e características de forrageamento, não se alterou em relação à área do fragmento florestal ou estação, tanto para bandos heterogêneos quanto para bandos do sub-bosque.
Main Authors: | , |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo
2003
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0031-10492003000300001 |
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Summary: | A fragmentação de habitats tem sido um dos assuntos mais discutidos na biologia da conservação nos últimos anos. Entretanto, poucos estudos tem avaliado os efeitos da fragmentação de florestas em bandos mistos de aves. Esses bandos são associações de duas ou mais espécies, cuja coesão está relacionada à cadeia de interações entre os membros dos bandos. As duas vantagens seletivas invocadas para explicar a evolução do comportamento de viver em bandos mistos de espécies são o declínio no risco de predação e aumento na eficiência no forrageamento. O objetivo do presente estudo foi analisar a composição de bandos mistos em relação ao tamanho dos fragmentos de Mata Atlântica durante as estações seca e chuvosa, na região da Zona da Mata, sudoeste do Estado de Minas Gerais, Brasil. Foram identificados três tipos distintos de bandos mistos na área estudada: bandos heterogêneos, bandos do sub-bosque e bandos de copa. O primeiro foi observado em todos os fragmentos florestais, enquanto bandos do sub-bosque foram observados em apenas três fragmentos. Bandos de copa são raros em todos os fragmentos. Algumas espécies participaram de dois tipos de bandos. Trichothraupis melanops e Basileurus culicivorus foram as espécies nucleares dos bandos heterogêneos. Habia rubica foi a espécie mais importante na formação e coesão de bandos do sub-bosque. Em bandos de copa, nenhuma das espécies apresentou características similares. Analisamos aqui o efeito da estação e da área do fragmento florestal na composição de bandos heterogêneos e de sub-bosque, baseados em dois enfoques: 1) - freqüência de espécies e 2) - características ecológicas das espécies do bando. Em relação à freqüência das espécies, a sazonalidade afetou a composição de bandos heterogêneos mais fortemente que a área do fragmento. Apenas dois fragmentos florestais diferiram levemente na composição de bandos heterogêneos. Tanto a área quanto a sazonalidade influenciaram a composição de bandos do sub-bosque. Excluindo a categoria de espécies de dossel dos bandos heterogêneos, que decresceu com a área do fragmento na estação chuvosa, a proporção geral de espécies nas categorias dependentes da floresta, estrato de forrageamento e características de forrageamento, não se alterou em relação à área do fragmento florestal ou estação, tanto para bandos heterogêneos quanto para bandos do sub-bosque. |
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