Meningite bacteriana no período neonatal evolução clínica e complicações em 109 casos: clinical evolution and complications in 109 cases

As meningites bacterianas apresentam características peculiares durante o período neonatal. A infecção bacteriana que se assesta no SNC, em fase rápida de crescimento, ocasiona complicações e sequelas graves, na maioria das crianças que contraem a doença, prejudicando seu desenvolvimento neuropsicomotor. A análise de 109 crianças com meningite bacteriana neonatal no período janeiro/1977-abril/1987 demonstrou mortalidade de 34,8%. Na maioria dos casos não foram observados fatores de risco relacionados a antecedentes peri-natais e 80,5% dessas crianças foram caracterizadas como recém-nascido de termo. Os sinais mais encontrados à internação foram convulsões (53,2%), fontanela abaulada (37,6%) e apnéia (20,2%); os sintomas mais frequentes foram depressão sensorial (64,2%), recusa alimentar (64,2%), febre (50,5%) e irritabilidade (35,8%). As complicações verificadas durante a internação foram, por ordem de frequência, ventriculite (34,9%), SSIHAD (27,5%), coleção subdural (8,3%), abscesso cerebral (4,6%) e enfarte cerebral (2,8%). A presença de SSIHAD e de ventriculite foram associadas a maior mortalidade. Das 71 crianças que sobreviveram à doença 44 (62%) apresentaram-se com exame neurológico alterado e 29 (40,8%) com hidrocefalia que exigiu a instalação de sistema de derivação ventrículo-peritoneal em 18 (62%) dos casos. O seguimento neurológico dessas crianças é imprescindível, pois poderá haver modificação no prognóstico a longo prazo.

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Bibliographic Details
Main Authors: Feferbaum,Rubens, Vaz,Flávio A. C., Krebs,Vera L. Jornada, Diniz,Edna M. de Albuquerque, Ramos,Sônia R. T. S., Manissadjian,Antranik
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO 1993
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1993000100012
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Summary:As meningites bacterianas apresentam características peculiares durante o período neonatal. A infecção bacteriana que se assesta no SNC, em fase rápida de crescimento, ocasiona complicações e sequelas graves, na maioria das crianças que contraem a doença, prejudicando seu desenvolvimento neuropsicomotor. A análise de 109 crianças com meningite bacteriana neonatal no período janeiro/1977-abril/1987 demonstrou mortalidade de 34,8%. Na maioria dos casos não foram observados fatores de risco relacionados a antecedentes peri-natais e 80,5% dessas crianças foram caracterizadas como recém-nascido de termo. Os sinais mais encontrados à internação foram convulsões (53,2%), fontanela abaulada (37,6%) e apnéia (20,2%); os sintomas mais frequentes foram depressão sensorial (64,2%), recusa alimentar (64,2%), febre (50,5%) e irritabilidade (35,8%). As complicações verificadas durante a internação foram, por ordem de frequência, ventriculite (34,9%), SSIHAD (27,5%), coleção subdural (8,3%), abscesso cerebral (4,6%) e enfarte cerebral (2,8%). A presença de SSIHAD e de ventriculite foram associadas a maior mortalidade. Das 71 crianças que sobreviveram à doença 44 (62%) apresentaram-se com exame neurológico alterado e 29 (40,8%) com hidrocefalia que exigiu a instalação de sistema de derivação ventrículo-peritoneal em 18 (62%) dos casos. O seguimento neurológico dessas crianças é imprescindível, pois poderá haver modificação no prognóstico a longo prazo.