Tumores do tronco cerebral: estudo anatomopatológico em 35 casos de necrópsia

Os tumores do tronco cerebral são raros e geralmente tratados sem diagnóstico histopatológico. Sua incidência varia na literatura entre 1,09% e 17,5% dos tumores cerebrais. O objetivo do trabalho foi relatar a casuísti desses tumores em 28500 necrópsias realizadas de 1952 a 1985 no Departamento de Anatomia Patológica da Santa Casa de São Paulo. Enfatizamos os aspectos neuropatológicos, comparamos nossos casos com os de outras séries e salientamos os tumores mais observados nessa região, com a finalidade de procurar contribuir para melhor abordagem terapêutica. Utilizamos alguns dados clínicos e, através do exame anatomopatológico, localizamos o tumor no tronco cerebral sendo o diagnóstico microscópico estabelecido segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde. Dos 428 tumores intracranianos observados, 35 estavam localizados no tronco cerebral. Foram aqui incluídos os tumores próprios do tronco cerebral e as metástases e excluídos os tumores que infiltravam o tronco. A maior incidência ocorreu na primeira década e a causa de óbito predominante foi edema cerebral. A localização preferencial foi a ponte e o tumor mais freqüente foi o glioblas-tomia multiforme (19 casos). As metástases ficaram em segundo lugar na freqüência (9 casos), na maioria dos casos de origem pulmonar. Apesar de alguns autores se posicionarem contra a biópsia de tumor nessa região, baseando-se no alto risco cirúrgico, discordamos dessa opinião, pois acreditamos que, frente ao diagnóstico de glioma, será importante a caracterização ou não de malignidade. Ainda, não devemos deixar de considerar os diagnósticos diferenciais de processo expansivo no tronco. Enfim, com o diagnóstico anatomopatológico de glioma ou de uma das possibilidades aventadas, o procedimento terapêutico poderá ser mais adequado.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Authors: Lancellotti,Carmen Lúcia Penteado, Longo,Maria Antonieta, Onozuka,Angela Pires, Oliveira,Carlos Pereira de, Carreira,Antonio Barros
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO 1989
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1989000300011
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
Description
Summary:Os tumores do tronco cerebral são raros e geralmente tratados sem diagnóstico histopatológico. Sua incidência varia na literatura entre 1,09% e 17,5% dos tumores cerebrais. O objetivo do trabalho foi relatar a casuísti desses tumores em 28500 necrópsias realizadas de 1952 a 1985 no Departamento de Anatomia Patológica da Santa Casa de São Paulo. Enfatizamos os aspectos neuropatológicos, comparamos nossos casos com os de outras séries e salientamos os tumores mais observados nessa região, com a finalidade de procurar contribuir para melhor abordagem terapêutica. Utilizamos alguns dados clínicos e, através do exame anatomopatológico, localizamos o tumor no tronco cerebral sendo o diagnóstico microscópico estabelecido segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde. Dos 428 tumores intracranianos observados, 35 estavam localizados no tronco cerebral. Foram aqui incluídos os tumores próprios do tronco cerebral e as metástases e excluídos os tumores que infiltravam o tronco. A maior incidência ocorreu na primeira década e a causa de óbito predominante foi edema cerebral. A localização preferencial foi a ponte e o tumor mais freqüente foi o glioblas-tomia multiforme (19 casos). As metástases ficaram em segundo lugar na freqüência (9 casos), na maioria dos casos de origem pulmonar. Apesar de alguns autores se posicionarem contra a biópsia de tumor nessa região, baseando-se no alto risco cirúrgico, discordamos dessa opinião, pois acreditamos que, frente ao diagnóstico de glioma, será importante a caracterização ou não de malignidade. Ainda, não devemos deixar de considerar os diagnósticos diferenciais de processo expansivo no tronco. Enfim, com o diagnóstico anatomopatológico de glioma ou de uma das possibilidades aventadas, o procedimento terapêutico poderá ser mais adequado.