Facilitação e dominância dos sintomas sôbre a dor da angina de peito e causalgia

O autor traz à consideração clínica a "facilitação" que Sherrington apreciou nos experimentos de neurofisiologia, e que explica aspectos clínicos importantíssimos em psicologia e em neurologia visceral. Pretende o autor explicar seus casos de dor (um de causalgia no membro superior e três de angina de peito em portadores de esclerose coronária). Ora a anestesia terapêutica no gânglio estrelado, ora na cadeia ganglionar torácica simpática, ora a radioterapia, ora a psicoterapia removeram a dor "facilitada" a tal ponto que se tornara "dominante", isto é, mesmo estímulos inadequados a provocavam. Os doentes eram inválidos e recuperaram-se. A neurofisiologia moderna autoriza a interpretação dessa terapêutica: suprimiu-se - com a anestesia, com a radioterapia e com a psicoterapia - o circuito neural auto-alimentado reverberante, hiperfuncionante em todo ou em parte de seu trajeto, quer aferente ao córtex quer aferente às coronárias. O autor discute o valor clínico dos acessos anginosos apontando fatos que documentam que o acesso "ilegítimo" (psicógeno) deve ter como causa a estimulação das aferências vegetativas ao córtex em qualquer ponto (ganglionar, medular ou cortical). Os acessos "legítimos", produzindo lesões transitórias ou definitivas e até morte,, devem ser explicados pela atividade das eferências vagais que executam os efetôres espásticos das coronárias. A dor é apresentada como fenômeno de "gravação neural", aprendido, memorizado e automatizado, ativado em feed-back ora nas aferências vegetativas ao córtex, ora nas eferências, mais perigosas e mortais. Debate-se a superestimada psicogenia da angina de peito.

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Bibliographic Details
Main Author: Pires,Nelson
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO 1962
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1962000300004
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Description
Summary:O autor traz à consideração clínica a "facilitação" que Sherrington apreciou nos experimentos de neurofisiologia, e que explica aspectos clínicos importantíssimos em psicologia e em neurologia visceral. Pretende o autor explicar seus casos de dor (um de causalgia no membro superior e três de angina de peito em portadores de esclerose coronária). Ora a anestesia terapêutica no gânglio estrelado, ora na cadeia ganglionar torácica simpática, ora a radioterapia, ora a psicoterapia removeram a dor "facilitada" a tal ponto que se tornara "dominante", isto é, mesmo estímulos inadequados a provocavam. Os doentes eram inválidos e recuperaram-se. A neurofisiologia moderna autoriza a interpretação dessa terapêutica: suprimiu-se - com a anestesia, com a radioterapia e com a psicoterapia - o circuito neural auto-alimentado reverberante, hiperfuncionante em todo ou em parte de seu trajeto, quer aferente ao córtex quer aferente às coronárias. O autor discute o valor clínico dos acessos anginosos apontando fatos que documentam que o acesso "ilegítimo" (psicógeno) deve ter como causa a estimulação das aferências vegetativas ao córtex em qualquer ponto (ganglionar, medular ou cortical). Os acessos "legítimos", produzindo lesões transitórias ou definitivas e até morte,, devem ser explicados pela atividade das eferências vagais que executam os efetôres espásticos das coronárias. A dor é apresentada como fenômeno de "gravação neural", aprendido, memorizado e automatizado, ativado em feed-back ora nas aferências vegetativas ao córtex, ora nas eferências, mais perigosas e mortais. Debate-se a superestimada psicogenia da angina de peito.