Interfaces entre a modernização e a qualidade de vida: o caso dos produtores de milho do Estado do Espírito Santo.

O setor agropecuário é o que mais gera empregos no Espírito Santo. Dentro desse contexto, podem-se citar as cadeias produtivas do milho, produto que assume grande importância social e econômica no Estado. Nos últimos anos, a produção de milho capixaba foi reduzida em razão, principalmente, da seca, quando sua produtividade passou a ser comprometida. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi analisar as implicações da modernização na qualidade de vida dos produtores de milho e de suas faJnllias. Do ponto de vista metodológico, fez-se uso de um banco de dados provenientes de um projeto de pesquisa da ex-EMCAPA, hoje INCAPER, selecionando os produtores que haviam plantado milho, os quais foram estratificados em duas subamostras: produtores de milho com irrigação e produtores de milho sem irrigação. Para análise desses dados, utilizaram-se estatísticas descritivas. Os resultados indicaram que a implantação da irrigação, considerada uma estratégia de modernização em termos de ambiente tecnológico mais favorável, não conseguiu prover aumento da rentabilidade e da segurança financeira, colocando em risco a subsistência da família do agricultor e, consequentemente, não resultando em plena melhoria da qualidade. Isso devido ao fato de que coexistem outros elementos relativos às condições pessoais, econômicas, ecológicas e culturais que, por sua vez, estão associados à dimensão socioinstitucional do macroambiente, que interferem nas interações entre modernizar-se e a promoção da qualidade de vida, tornando-se necessário relativizar essas interfaces. Conclui-se que a modernização poderia converter-se em uma melhoria sustentável da promoção humana, caso em que estivesse associada a uma transformação social e econômica do setor agrícola familiar.

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Bibliographic Details
Main Authors: FERRÃO, L. M. V. F., LORETO, M. das D. S. de, CECON, P. R., TEIXEIRA, K. M. D., MAFRA, S. C. T.
Other Authors: Liliâm Maria Ventorim Ferrão, Incaper.
Format: -- biblioteca
Language:pt_BR
Published: Oikos, Viçosa, v. 16, n. 2, p. 63-90, 2005. 2005
Subjects:Espírito Santo (Estado), Milho, Zea Mays, Agricultura familiar,
Online Access:http://biblioteca.incaper.es.gov.br/digital/handle/item/597
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Summary:O setor agropecuário é o que mais gera empregos no Espírito Santo. Dentro desse contexto, podem-se citar as cadeias produtivas do milho, produto que assume grande importância social e econômica no Estado. Nos últimos anos, a produção de milho capixaba foi reduzida em razão, principalmente, da seca, quando sua produtividade passou a ser comprometida. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi analisar as implicações da modernização na qualidade de vida dos produtores de milho e de suas faJnllias. Do ponto de vista metodológico, fez-se uso de um banco de dados provenientes de um projeto de pesquisa da ex-EMCAPA, hoje INCAPER, selecionando os produtores que haviam plantado milho, os quais foram estratificados em duas subamostras: produtores de milho com irrigação e produtores de milho sem irrigação. Para análise desses dados, utilizaram-se estatísticas descritivas. Os resultados indicaram que a implantação da irrigação, considerada uma estratégia de modernização em termos de ambiente tecnológico mais favorável, não conseguiu prover aumento da rentabilidade e da segurança financeira, colocando em risco a subsistência da família do agricultor e, consequentemente, não resultando em plena melhoria da qualidade. Isso devido ao fato de que coexistem outros elementos relativos às condições pessoais, econômicas, ecológicas e culturais que, por sua vez, estão associados à dimensão socioinstitucional do macroambiente, que interferem nas interações entre modernizar-se e a promoção da qualidade de vida, tornando-se necessário relativizar essas interfaces. Conclui-se que a modernização poderia converter-se em uma melhoria sustentável da promoção humana, caso em que estivesse associada a uma transformação social e econômica do setor agrícola familiar.