Estratégias alimentares de famílias rurais pobres na região Oeste de Santa Catarina

A sociedade civil brasileira contribuiu na concepção da Segurança Alimentar e Nutricional e, a partir de 2003, na formulação e gestão de políticas públicas específicas. Essa noção defende o direito das pessoas ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades básicas. Com base nessa perspectiva, este artigo tem por objetivo analisar as estratégias alimentares de famílias rurais pobres. A análise fundamenta-se em pesquisas realizadas em dezesseis municípios com características rurais da região Oeste de Santa Catarina, junto a 67 famílias assistidas pelo Programa Bolsa Família entre 2011 e 2018. Os resultados indicam que as famílias pobres adotam diversas estratégias de aprovisionamento de alimentos, com destaque para quatro mecanismos: i) produção tanto em áreas rurais quanto no perímetro urbano; ii) aquisição em mercados que permitem o pagamento a prazo; iii) empréstimo, troca e doação junto a familiares e/ou vizinhos; e iv) doação de empregadores, igrejas e prefeituras. Nenhuma família estava passando fome, mas quase todas viviam em situação de insegurança alimentar, além de se privarem de outras necessidades básicas em prol da alimentação. O conjunto de políticas públicas melhorou a alimentação das famílias rurais pobres, todavia, não foi suficiente para assegurar o acesso aos alimentos em quantidade, qualidade e diversidade, uma vez que não removeu os principais condicionantes da pobreza, que é o acesso a terra e a mecanismos de inserção produtiva.

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Bibliographic Details
Main Authors: Tecchio, Andréia, Cazella, Ademir Antonio, Sabourin, Eric, Cortes, Geneviève
Format: article biblioteca
Language:por
Subjects:S01 - Nutrition humaine - Considérations générales, sécurité alimentaire, pauvreté, sécurité alimentaire des ménages, consommation alimentaire, pauvreté rurale, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_10967, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_6151, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_9000078, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_3016, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_15517, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_1070,
Online Access:http://agritrop.cirad.fr/594420/
http://agritrop.cirad.fr/594420/1/Estrategias%20alimentares%20familias%20rurais%20pobres%20SC%20Tecchio%2C%20Cazella%2C%20Sabourin%20et%20al%202019.pdf
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Summary:A sociedade civil brasileira contribuiu na concepção da Segurança Alimentar e Nutricional e, a partir de 2003, na formulação e gestão de políticas públicas específicas. Essa noção defende o direito das pessoas ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades básicas. Com base nessa perspectiva, este artigo tem por objetivo analisar as estratégias alimentares de famílias rurais pobres. A análise fundamenta-se em pesquisas realizadas em dezesseis municípios com características rurais da região Oeste de Santa Catarina, junto a 67 famílias assistidas pelo Programa Bolsa Família entre 2011 e 2018. Os resultados indicam que as famílias pobres adotam diversas estratégias de aprovisionamento de alimentos, com destaque para quatro mecanismos: i) produção tanto em áreas rurais quanto no perímetro urbano; ii) aquisição em mercados que permitem o pagamento a prazo; iii) empréstimo, troca e doação junto a familiares e/ou vizinhos; e iv) doação de empregadores, igrejas e prefeituras. Nenhuma família estava passando fome, mas quase todas viviam em situação de insegurança alimentar, além de se privarem de outras necessidades básicas em prol da alimentação. O conjunto de políticas públicas melhorou a alimentação das famílias rurais pobres, todavia, não foi suficiente para assegurar o acesso aos alimentos em quantidade, qualidade e diversidade, uma vez que não removeu os principais condicionantes da pobreza, que é o acesso a terra e a mecanismos de inserção produtiva.