Melhoramento genetico do algodoeiro na visao do CIRAD : [Resumo]

A adoção da Lei de Proteção de cultivares em 1997 e o desenvolvimento da cotonicultura no cerrado suscitaram a implantação ou a criação no Brasil de vários programas privados de melhoramento do algodoeiro (Delta & Pine Land, Stoneville, CSD/ Bayer, Fundação MT) ademais dos programas públicos (Embrapa, IAC, IAPAR, Epamig) ou cooperativistas (Coodetec) já existentes. A oferta varietal cresceu drasticamente, passando de uma dezena de cultivares no período 1990-97 a mais de 30 em 1997-2004. Hoje, há 58 variedades de algodão protegidas no SNPC no Brasil. A área algodoeira do cerrado oscila em torno de um milhão de hectares nos últimos anos, com forte potencial de crescimento. Porém, o problema da semente salva e pirata reduz drasticamente o mercado de semente oficial. Os programas de melhoramento privados dependem quase exclusivamente da venda de sua semente. Então a primeira preocupação é saber se o mercado de sementes atual e futuro são suficientes para manter todos os programas vigentes. A saída do mercado da Syngenta pode ser uma primeira resposta! Entre os obtentores privados, existem diferenças muito grandes de poder de competição, de um lado o melhoramento genético das empresas multinacionais como Delta & Pine Land, Bayer/ CSI, Stoneville ou da Fundação MT, e de outro lado empresas de porte médio ou pequeno como Coodetec, BS Genética e Melhoramento, L D Melhoramento de Plantas. Nesta competição pelo mercado, com exceção talvez da Embrapa Algodão, as instituições públicas (IAC, IAPAR, EPAMIG) têm pouca força, inclusive pela falta de estrutura adequada de produção de sementes, esquemas comerciais e de marketing agressivo. Para todos os pequenos programas de melhoramento, a única maneira de sobreviver é visar nichos cativos de mercado, ou trabalhar atrelados a associações ou cooperativas de produtores. Do ponto de visto técnico, o melhoramento genético do algodoeiro no Brasil têm especificidade marcada pela importância dos problemas fitopatológicos nas regiões do cerrado. A diversidade dos patógenos encontrados, vírus, bactérias, fungos e até nematóides não têm equivalente no mundo. Num primeiro momento, a ausência de fatores genéticos de tolerância e/ ou resistência nas variedades comerciais foi suprimida pelo controle químico. Estas práticas estão levando a um impasse, tanto do ponto de vista do equilíbrio agro ecológico, como dos custos de produção que chegam a patamares de 17000S$/ha, tornando uma cultura de alto risco financeiro. Assim, os programas de melhoramento genético do Brasil são provavelmente os programas que devem trabalhar em conjunto o maior número de variáveis durante os processos de seleção. Em conseqüência, eles precisam de forte embasamento científico sobre a localização das fontes e os mecanismos genéticos de resistência a estes patógenos, através da maior mobilização das equipes de pesquisas dos diversos setores e das universidades. A partir desses conhecimentos básicos, os programas de melhoramento precisam de meios financeiros importantes, para poder recombinar e selecionar vários genes e alelos de interesse no mesmo individuo. A probabilidade de sucesso dependerá da qualidade da seleção realizada, mas muito mais do volume de material a ser trabalhado cada ano. Quanto maior este número, maior será a probabilidade de obter um bom cultivar. Empresas multinacionais, que podem contar com o apoio de laboratórios modernos e de equipes de pesquisa de alto nível em fitopatología e biologia molecular, desenvolvem instrumentos como os marcadores moleculares a fim de facilitar as operações de seleção ao longo das gerações. Neste processo todo, as pequenas empresas têm pouca chance de criar materiais competitivos e de sobreviver no mercado. A chegada dos transgênicos cria ainda mais distorções entre as empresas que têm acesso aos diversos "traits" de interesse, e as outras que não tem. A liberação comercial de um evento transgênico particular favorece sem dúvida as empresas multinacionais, que conseguem des

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Bibliographic Details
Main Author: Bélot, Jean-Louis
Format: conference_item biblioteca
Language:por
Published: s.n.
Subjects:F30 - Génétique et amélioration des plantes,
Online Access:http://agritrop.cirad.fr/540764/
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Description
Summary:A adoção da Lei de Proteção de cultivares em 1997 e o desenvolvimento da cotonicultura no cerrado suscitaram a implantação ou a criação no Brasil de vários programas privados de melhoramento do algodoeiro (Delta & Pine Land, Stoneville, CSD/ Bayer, Fundação MT) ademais dos programas públicos (Embrapa, IAC, IAPAR, Epamig) ou cooperativistas (Coodetec) já existentes. A oferta varietal cresceu drasticamente, passando de uma dezena de cultivares no período 1990-97 a mais de 30 em 1997-2004. Hoje, há 58 variedades de algodão protegidas no SNPC no Brasil. A área algodoeira do cerrado oscila em torno de um milhão de hectares nos últimos anos, com forte potencial de crescimento. Porém, o problema da semente salva e pirata reduz drasticamente o mercado de semente oficial. Os programas de melhoramento privados dependem quase exclusivamente da venda de sua semente. Então a primeira preocupação é saber se o mercado de sementes atual e futuro são suficientes para manter todos os programas vigentes. A saída do mercado da Syngenta pode ser uma primeira resposta! Entre os obtentores privados, existem diferenças muito grandes de poder de competição, de um lado o melhoramento genético das empresas multinacionais como Delta & Pine Land, Bayer/ CSI, Stoneville ou da Fundação MT, e de outro lado empresas de porte médio ou pequeno como Coodetec, BS Genética e Melhoramento, L D Melhoramento de Plantas. Nesta competição pelo mercado, com exceção talvez da Embrapa Algodão, as instituições públicas (IAC, IAPAR, EPAMIG) têm pouca força, inclusive pela falta de estrutura adequada de produção de sementes, esquemas comerciais e de marketing agressivo. Para todos os pequenos programas de melhoramento, a única maneira de sobreviver é visar nichos cativos de mercado, ou trabalhar atrelados a associações ou cooperativas de produtores. Do ponto de visto técnico, o melhoramento genético do algodoeiro no Brasil têm especificidade marcada pela importância dos problemas fitopatológicos nas regiões do cerrado. A diversidade dos patógenos encontrados, vírus, bactérias, fungos e até nematóides não têm equivalente no mundo. Num primeiro momento, a ausência de fatores genéticos de tolerância e/ ou resistência nas variedades comerciais foi suprimida pelo controle químico. Estas práticas estão levando a um impasse, tanto do ponto de vista do equilíbrio agro ecológico, como dos custos de produção que chegam a patamares de 17000S$/ha, tornando uma cultura de alto risco financeiro. Assim, os programas de melhoramento genético do Brasil são provavelmente os programas que devem trabalhar em conjunto o maior número de variáveis durante os processos de seleção. Em conseqüência, eles precisam de forte embasamento científico sobre a localização das fontes e os mecanismos genéticos de resistência a estes patógenos, através da maior mobilização das equipes de pesquisas dos diversos setores e das universidades. A partir desses conhecimentos básicos, os programas de melhoramento precisam de meios financeiros importantes, para poder recombinar e selecionar vários genes e alelos de interesse no mesmo individuo. A probabilidade de sucesso dependerá da qualidade da seleção realizada, mas muito mais do volume de material a ser trabalhado cada ano. Quanto maior este número, maior será a probabilidade de obter um bom cultivar. Empresas multinacionais, que podem contar com o apoio de laboratórios modernos e de equipes de pesquisa de alto nível em fitopatología e biologia molecular, desenvolvem instrumentos como os marcadores moleculares a fim de facilitar as operações de seleção ao longo das gerações. Neste processo todo, as pequenas empresas têm pouca chance de criar materiais competitivos e de sobreviver no mercado. A chegada dos transgênicos cria ainda mais distorções entre as empresas que têm acesso aos diversos "traits" de interesse, e as outras que não tem. A liberação comercial de um evento transgênico particular favorece sem dúvida as empresas multinacionais, que conseguem des