Análise socioeconômica dos agrossilvicultores do Projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (RECA), em Nova Califórnia, Rondônia.

O assentamento agrícola de centenas de milhares de famílias na Amazônia gerou problemas ambientais e socioeconômicos significativos na região. Em 1984 foi implantado pelo Instituto nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) o Projeto de Assentamento Agrícola do Alto Madeira, em Vila Nova Califórnia-RO, divisa com o Estado do Acre. A partir de 1988, algumas lideranças rurais e produtores do assentamento resolvem priorizar o uso alternativo da terra com Sistemas Agroflorestais ? SAFs, tendo como base o consórcio de culturas perenes regionais (cupuaçu, pupunha, castanha-do-brasil) e café, e formaram a Associação de Pequenos Agrossilvicultores do Projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado, que passou a ser conhecida como Projeto RECA. Este projeto teve como objetivos organizar os produtores e a produção primária e secundária, com o beneficiamento e comercialização dos produtos. O objetivo deste estudo foi analisar a situação produtiva e socioeconômica das propriedades e dos agrossilvicultores sócios do Projeto RECA. Foi efetuada a seleção de 50 unidade produtivas de produtores rurais, representando aproximadamente 1/3 das unidades produtivas para a mensuração de variáveis sócio econômicas e ambientais, através de amostragem intencional estratificada, em Dezembro 2004 e Janeiro de 2005. As 240 famílias associadas ao RECA são, na maioria (75%), migrantes da região centro-sul; com uma média de 13 anos no RECA; residem no lote a mais de 18 anos, que tem em média 82 hectares, sendo que em cada unidade de produção há 1,4 lotes, com 115 hectares, dos quais 55% encontra-se em floresta nativa, 29% em pastagem, 8% com SAFs, 6% em capoeiras e 2% em outros usos. Os produtos que geram maior renda são o cupuaçu, pupunha (semente, fruto e palmito), café e gado bovino, que somados respondem por 90% da renda bruta anual média, que é de R$ 20.800,00. O modelo de organização socioeconômica do projeto RECA propiciou a melhoria das condições de vida dos produtores e da conservação ambiental, comprovando que as políticas direcionadas à agricultura familiar cooperativada, tanto nos processos produtivos relacionados ao uso da terra, como no beneficiamento e comercialização da produção através de agroindústrias, propiciou o acesso ao crédito e tecnologias, possibilitando melhorias no sistema de produção e aumento no valor agregado dos produtos, com retornos sociais e econômicos relevantes, verificados pela elevação da renda e qualidade de vida dos agricultores.

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Bibliographic Details
Main Authors: FRANKE, I. L., ALVES, I. T. G., SA, C. P. de, SANTOS, J. C. dos, VALENTIM, J. F.
Other Authors: IDESIO LUIS FRANKE, CPAF-AC; Isabel Teresa Gama Alves, UNB; CLAUDENOR PINHO DE SA, CPAF-AC; JAIR CARVALHO DOS SANTOS, CPATU; JUDSON FERREIRA VALENTIM, CPAF-AC.
Format: Parte de livro biblioteca
Language:pt_BR
por
Published: 2008-11-11
Subjects:Projeto RECA, Pequeno agricultor, Organização socioeconômica, Vila Nova Califórnia (RO), Rondônia, Amazônia Ocidental,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/510517
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Description
Summary:O assentamento agrícola de centenas de milhares de famílias na Amazônia gerou problemas ambientais e socioeconômicos significativos na região. Em 1984 foi implantado pelo Instituto nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) o Projeto de Assentamento Agrícola do Alto Madeira, em Vila Nova Califórnia-RO, divisa com o Estado do Acre. A partir de 1988, algumas lideranças rurais e produtores do assentamento resolvem priorizar o uso alternativo da terra com Sistemas Agroflorestais ? SAFs, tendo como base o consórcio de culturas perenes regionais (cupuaçu, pupunha, castanha-do-brasil) e café, e formaram a Associação de Pequenos Agrossilvicultores do Projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado, que passou a ser conhecida como Projeto RECA. Este projeto teve como objetivos organizar os produtores e a produção primária e secundária, com o beneficiamento e comercialização dos produtos. O objetivo deste estudo foi analisar a situação produtiva e socioeconômica das propriedades e dos agrossilvicultores sócios do Projeto RECA. Foi efetuada a seleção de 50 unidade produtivas de produtores rurais, representando aproximadamente 1/3 das unidades produtivas para a mensuração de variáveis sócio econômicas e ambientais, através de amostragem intencional estratificada, em Dezembro 2004 e Janeiro de 2005. As 240 famílias associadas ao RECA são, na maioria (75%), migrantes da região centro-sul; com uma média de 13 anos no RECA; residem no lote a mais de 18 anos, que tem em média 82 hectares, sendo que em cada unidade de produção há 1,4 lotes, com 115 hectares, dos quais 55% encontra-se em floresta nativa, 29% em pastagem, 8% com SAFs, 6% em capoeiras e 2% em outros usos. Os produtos que geram maior renda são o cupuaçu, pupunha (semente, fruto e palmito), café e gado bovino, que somados respondem por 90% da renda bruta anual média, que é de R$ 20.800,00. O modelo de organização socioeconômica do projeto RECA propiciou a melhoria das condições de vida dos produtores e da conservação ambiental, comprovando que as políticas direcionadas à agricultura familiar cooperativada, tanto nos processos produtivos relacionados ao uso da terra, como no beneficiamento e comercialização da produção através de agroindústrias, propiciou o acesso ao crédito e tecnologias, possibilitando melhorias no sistema de produção e aumento no valor agregado dos produtos, com retornos sociais e econômicos relevantes, verificados pela elevação da renda e qualidade de vida dos agricultores.