Diversidade morfológica e produção de Bertholletia excelsa H.B.K. (Lecythidaceae) no sudeste do estado do Acre - Brasil.

Bertholletia excelsa H.B.K. (Lecythidaceae) é uma espécie arbórea da região Amazônica de onde se coletam os frutos para produção de castanha-do-brasil. Os extrativistas do sudeste do Acre relatam a existência de dois tipos de castanheira, as brancas e vermelhas, sendo que a diferença entre as mesmas está na cor da madeira, no potencial produtivo, no aspecto e porte das árvores e na morfologia e tamanho dos frutos e sementes. O presente estudo foi realizado para avaliar os padrões de variação ecológica (densidade, distribuição espacial e produção de frutos e de sementes) e morfológica (características do tronco, copa, morfometria de frutos e sementes) em castanheiras vermelhas e brancas, com o intuito de orientar decisões de manejo da castanha-do-brasil buscando aumento da produção e conservação da espécie. Para o estudo foram selecionadas quatro áreas no sudeste do Estado do Acre (municípios de Senador Guiomard, Plácido de Castro, Epitaciolândia e Rio Branco). Foram amostradas e georreferenciadas 334 castanheiras, as quais foram classificadas quanto ao tipo (branca ou vermelha), aspectos morfológicos (forma da copa e do tronco) e medido o diâmetro a altura do peito (DAP). Também foram utilizados dados de produção média anual de 133 castanheiras da Colocação Rio de Janeiro (Epitaciolândia) e dentre essas foram selecionadas aleatoriamente 16 castanheiras brancas e 15 vermelhas para obtenção de dados morfométricos de frutos e sementes. Das 334 castanheiras, 216 (65%) foram classificadas como vermelhas e 118 (34%) como brancas, apresentando freqüências diferentes (p < 0,0001). Em relação ao padrão de distribuição espacial os dois tipos não apresentaram diferenças. O DAP médio das castanheiras vermelhas foi maior que das brancas, 112,04 cm (±33,73) e 83,91 cm (±31,53), respectivamente. A forma da copa e do tronco foram importantes para a classificação dos tipos (p < 0,001). A produção média de frutos das castanheiras vermelhas e brancas foi significativamente diferente (p = 0,004), com média anual de 75,5 (±89,7) frutos para as castanheiras vermelhas e 31,1 (±29,9) frutos para as castanheiras brancas. De uma maneira geral, os frutos da castanheira vermelha foram maiores, mais pesados e com menor número de sementes do que os da castanheira branca. Neste estudo, as características usadas pelos extrativistas do sudeste do Acre para classificar as castanheiras em vermelhas e brancas foram consistentes para a separação dos tipos, e a classificação popular da espécie foi considerada importante para o manejo, especialmente quando se tratar de estratégias que visem o aumento da produtividade como, por exemplo, o enriquecimento das populações naturais.

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Bibliographic Details
Main Author: BRAGA, E. T. M. B.
Other Authors: Eneide Taumaturgo Macambira Braga, UFAC.
Format: Teses biblioteca
Language:pt_BR
por
Published: 2008-04-24
Subjects:Castanha-do-brasil, Morfologia, Distribuição espacial., Bertholletia Excelsa, Botânica, Produção, Semente.,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/508397
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Description
Summary:Bertholletia excelsa H.B.K. (Lecythidaceae) é uma espécie arbórea da região Amazônica de onde se coletam os frutos para produção de castanha-do-brasil. Os extrativistas do sudeste do Acre relatam a existência de dois tipos de castanheira, as brancas e vermelhas, sendo que a diferença entre as mesmas está na cor da madeira, no potencial produtivo, no aspecto e porte das árvores e na morfologia e tamanho dos frutos e sementes. O presente estudo foi realizado para avaliar os padrões de variação ecológica (densidade, distribuição espacial e produção de frutos e de sementes) e morfológica (características do tronco, copa, morfometria de frutos e sementes) em castanheiras vermelhas e brancas, com o intuito de orientar decisões de manejo da castanha-do-brasil buscando aumento da produção e conservação da espécie. Para o estudo foram selecionadas quatro áreas no sudeste do Estado do Acre (municípios de Senador Guiomard, Plácido de Castro, Epitaciolândia e Rio Branco). Foram amostradas e georreferenciadas 334 castanheiras, as quais foram classificadas quanto ao tipo (branca ou vermelha), aspectos morfológicos (forma da copa e do tronco) e medido o diâmetro a altura do peito (DAP). Também foram utilizados dados de produção média anual de 133 castanheiras da Colocação Rio de Janeiro (Epitaciolândia) e dentre essas foram selecionadas aleatoriamente 16 castanheiras brancas e 15 vermelhas para obtenção de dados morfométricos de frutos e sementes. Das 334 castanheiras, 216 (65%) foram classificadas como vermelhas e 118 (34%) como brancas, apresentando freqüências diferentes (p < 0,0001). Em relação ao padrão de distribuição espacial os dois tipos não apresentaram diferenças. O DAP médio das castanheiras vermelhas foi maior que das brancas, 112,04 cm (±33,73) e 83,91 cm (±31,53), respectivamente. A forma da copa e do tronco foram importantes para a classificação dos tipos (p < 0,001). A produção média de frutos das castanheiras vermelhas e brancas foi significativamente diferente (p = 0,004), com média anual de 75,5 (±89,7) frutos para as castanheiras vermelhas e 31,1 (±29,9) frutos para as castanheiras brancas. De uma maneira geral, os frutos da castanheira vermelha foram maiores, mais pesados e com menor número de sementes do que os da castanheira branca. Neste estudo, as características usadas pelos extrativistas do sudeste do Acre para classificar as castanheiras em vermelhas e brancas foram consistentes para a separação dos tipos, e a classificação popular da espécie foi considerada importante para o manejo, especialmente quando se tratar de estratégias que visem o aumento da produtividade como, por exemplo, o enriquecimento das populações naturais.