A CRIADAGEM SERVIL E AS TENTATIVAS DE REGULAÇÃO POLICIAL DOS TRABALHOS DOMÉSTICOS EM FORTALEZA, 1880-1887

Resumo: Este artigo trata da tentativa de aplicar em Fortaleza a postura municipal que objetivava regulamentar a contratação de criados de servir. Propõe-se que tal processo seja entendido a partir de um movimento mais amplo, observado em todo o país, de controle da mão de obra dos trabalhadores nas cidades, particularmente dos que prestavam serviços domésticos. São utilizadas variadas fontes, principalmente da Postura de Alocação de Criados de Servir, o Livro de Matrícula de Criados e o Arrolamento da População de Fortaleza de 1887. Todas foram produzidas pela Secretaria de Polícia no mesmo período e são iniciativas complementares que atendem à finalidade de envidar uma polícia das famílias, ou uma polícia preventiva de determinado segmento social. Tal projeto se viabilizaria na medida em que se lograsse pôr os trabalhadores domésticos sob a tutela dos chefes de família empregadores, por meio da matrícula de cada doméstico na polícia e da obrigação de portarem uma caderneta, documento em que os patrões fariam constar avaliações positivas ou negativas acerca dos criados. Como hipótese geral, defende-se que tais medidas, partindo do poder público por intermédio da instituição policial, eram tentativas de controlar a liberdade dos pobres na cidade, inclusive dos ex-escravos, que em Fortaleza continuaram servindo nos domicílios dos antigos proprietários.

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Bibliographic Details
Main Author: Rodrigues,Eylo Fagner Silva
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP 2020
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-46332020000300505
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