Hipertensão arterial secundária no adulto jovem: um caso clínico

Introdução: A hipertensão arterial (HTA) secundária corresponde a cerca de 5-10% dos casos de hipertensão. Perante uma hipertensão em adultos jovens deve-se suspeitar de causas secundárias e proceder a uma investigação clínica, laboratorial e imagiológica adequada. Em adultos jovens (19-39 anos), as causas mais frequentes de HTA secundária são as disfunções tiroideias, a displasia fibromuscular da artéria renal e as doenças do parênquima renal. Relata-se um caso clínico de uma jovem, na qual o estudo de hipertensão secundária revelou hipertiroidismo autoimune. Descrição do caso: Utente do sexo feminino, 19 anos de idade, que recorreu a consulta de saúde de adultos por palpitações, taquicardia (FC média: 117bpm) e tensão arterial elevada (TA média: 154/86mmHg), objetivadas em ambulatório desde há um mês. Constatou-se ainda ansiedade, insónia inicial, irritabilidade e polifagia. Ao exame objetivo confirmaram-se valores tensionais elevados (TA média: 150/98mmHg) e taquicardia, bem como palpação de bócio difuso, indolor e simétrico, sem nódulos aparentes. Tendo em conta os valores tensionais elevados em dois momentos distintos foi estabelecido o diagnóstico de HTA grau I, tendo a utente sido medicada com propranolol. Do estudo efetuado confirmou-se hipertiroidismo de etiologia auto-imune, anemia microcítica e hipocrómica, aspetos sugestivos de tiroidite na ecografia, bem como bócio difuso com captação aumentada na cintigrafia tiroideia, sugestivo de doença de Graves. A utente foi medicada com metibasol 5mg 12/12h e referenciada para consulta de endocrinologia. Verificou-se melhoria da sintomatologia, estabilização tensional e normalização da função tiroideia. Comentário: Este caso clínico pretende ilustrar a abordagem diagnóstica e terapêutica da HTA no adulto jovem nos cuidados de saúde primários. O hipertiroidismo é uma causa comum de hipertensão sistólica isolada e o seu diagnóstico e tratamento atempados podem prevenir a emergência de complicações e influenciar o prognóstico. Para tal, é fundamental uma boa articulação entre os cuidados de saúde primários e secundários.

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Bibliographic Details
Main Authors: Oliveira,Sandra, Neves,Ana Marta, Tomaz,Teresa, Lima,Margarida, Fachado,Francisco
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar 2018
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732018000600009
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