Notas sobre uma estética do trauma no Brasil

RESUMONeste artigo, o objetivo é demonstrar como a midiatização de casos de tosquias de mulheres constroem, na e pela linguagem, uma estética do estranhamento que referenda discursos flagrantes de fronteiras sócio-histórico-culturais. Para isso, articulam-se, teoricamente, o pensamento bakhtiniano, sobretudo sua insistência na dimensão semiótico-ideológica da linguagem, e postulados barthesianos, em especial o entendimento da constituição semiológica de trauma. Metodologicamente, cotejam-se registros e divulgação de tosquia feminina em duas inscrições históricas: na França, por ocasião da chamada Liberação na década de 1940, e no Brasil da atualidade, em comunidades cariocas que convivem com a cultura do tráfico. No estudo apresentado, procura-se responder à seguinte questão: como, depois de tantas décadas, essa voz do pós-guerra francês emerge no contexto brasileiro (res)significando as mesmas práticas? A análise empreendida aqui mostra que a “prosa” das tosquiadas mobiliza vozes diferentes que, ao imprimirem suas marcas nos enunciados, estratificam a linguagem e desenham fronteiras sócio-culturais.

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Bibliographic Details
Main Authors: Kogawa,João Marcos Mateus, Magalhães,Anderson Salvaterra
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: LAEL/PUC-SP (Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) 2015
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-45732015000200054
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