Propriedade pública e função social: a destinação das terras da União na Operação Urbana Porto Maravilha

Resumo O argumento central do artigo é que a definição da função social da propriedade é inerentemente contraditória e conflitiva, podendo servir tanto aos agentes do mercado imobiliário quanto às classes populares. O Estado busca gerir este conflito por meio de mecanismos seletivos que definem, em cada situação, qual o seu conteúdo e desfecho. Para esta reflexão, toma-se como objeto a destinação dos terrenos públicos da União na Operação Urbana Consorciada (OUC) Porto Maravilha. Neste caso, busca-se mostrar que esse conflito foi resolvido em prol do mercado imobiliário, implicando a suspensão temporária da lógica arrecadatória, que marca a atuação da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), para viabilizar o modelo financeiro da operação urbana, expressando-se na privatização de terras públicas na área portuária. Nesse contexto, a prevalência da lógica destinatória não foi capaz de viabilizar projetos destinados para Habitação de Interesse Social, que não saíram do papel. Não obstante, a privatização dos terrenos públicos ainda não se mostrou capaz de alavancar o interesse do mercado imobiliário na região, permanecendo incerto o futuro do Projeto Porto Maravilha.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Authors: Santos Junior,Orlando Alves dos, Werneck,Mariana, Borba,Tuanni Rachel, Carvalho,Ana Paula Soares
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Pontifícia Universidade Católica do Paraná 2020
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-33692020000100230
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!