Ressignificação, consumos e silêncios da cozinha doméstica

Resumo A avalanche de comerciais e programas televisivos promovendo uma cozinha esteticamente superior e repleta de produtos que facilitam o processo de cozinhar tem ajudado a ressignificar a cozinha tradicional. Neste artigo o objetivo é analisar a ressignificação material e simbólica pela qual a cozinha doméstica vem passando. Para isso foi feito um estudo baseado em método indutivo de abordagem qualitativa que usou entrevistas semiestruturadas com patrões e patroas, donas de casa e empregadas domésticas. Os dados coletados foram tratados por meio da análise do discurso, adequada à exploração de enunciados discursivos oriundos de distintos grupos sociais. Os principais resultados sugerem que, para além do consumo, a cozinha, para as mulheres, permanece como um espaço compulsório de trabalho, ao passo que, para os homens, trata-se de um espaço no qual promovem “espetáculos gastronômicos”. As principais contribuições que problematizam os atributos dessa nova cozinha investem em um falso antagonismo entre tradição, simplicidade e feminino, e inovação, sofisticação e masculino, em um espaço que atrai os homens ao distanciá-los da rotina e da obrigatoriedade de cozinhar, mantendo, para eles - e apenas para eles - a herança patriarcal de poder escolher se, como, quando, onde e para quem cozinhar.

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Bibliographic Details
Main Authors: Pena,Felipe Gouvêa, Saraiva,Luiz Alex Silva
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia 2019
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-92302019000300558
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