Freud, tradutor do instinto
Resumo Neste artigo, pretendemos reavaliar a querela tradutória em torno do Trieb freudiano. Primeiro, destacamos trechos em que Freud, ao citar Frazer, Trotter e Le Bon, traduz o termo “instinct” ora por “Instinkt”, ora por “Trieb”, de forma indiferenciada. Também retomamos a tradução que Freud fez de livros de Bernheim, em que emprega “Instinct” para traduzir o “instinct” francês. Na segunda seção do artigo, abordamos criticamente a opção tradutória hoje mais aceita no Brasil: “pulsão”. Esboçamos uma pequena história dessa escolha tradutória, tendo em vista que, enquanto Freud era vivo, ele jamais se opôs ao uso de “instinto”. A escolha por “pulsion” (arcaísmo obsoleto por séculos) ocorreu primeiramente na França, porém não somente por motivos etimológicos ou semânticos, pois também fez parte de toda uma reinterpretação (antinaturalista) da teoria freudiana. O termo “pulsion” - de certa forma o epicentro vocabular dessa releitura francesa - disseminou-se, tornando-se uma verdadeira visão consolidada, aceita tacitamente por boa parte dos tradutores de Freud não só na França, como no Brasil, na Argentina, na Itália. A partir de considerações teóricas sobre o estatuto do Trieb na teoria freudiana, e munidos dos fatos tradutórios discutidos na primeira seção do artigo, esboçamos então uma crítica ao uso de “pulsão”.
Main Author: | |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Universidade de São Paulo/Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/
2022
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-88372022000300306 |
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