Ensinando a dividir o mundo; as perversas lições de um programa de televisão

Ao analisar o programa diário da Rede Globo de Televisão Bambuluá dirigido a crianças e adolescentes, eu apresento esse artefato cultural como um dispositivo que integra o aparato pedagógico das sociedades governamentais, ensinando muitas coisas às pessoas, entre elas, um conjunto de verdades que compõe o currículo no qual se aprende a dividir o mundo. Meu argumento é que boa parte da modelagem identitária empreendida pelas sociedades neoliberais é levada a efeito pela mídia e por outros artefatos da indústria cultural. Autores/as que desenvolvem análises da cultura contemporânea como Shirley Steinberg, Douglas Kellner e Stuart Hall, com pesquisadores/as de um campo que vem sendo denominado estudos foucaultianos (Jorge Larrosa, Nikolas Rose, Alfredo Veiga-Neto), ajudam-me a entender esses artefatos como linguagens que investem no entretenimento como uma forma de produzir significados convenientes a projetos políticos, sociais e culturais hegemônicos, colocando em funcionamento técnicas de governo que forjam consciências e moldam comportamentos. Eles são parte da política cultural que dispõe pessoas e grupos hierarquicamente nas sociedades em que vivem.

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Bibliographic Details
Main Author: Costa,Marisa Vorraber
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: ANPEd - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação 2002
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782002000200006
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