Violência conjugal: representações e significados no discurso mediático

O presente estudo teve como objectivo compreender os discursos culturais veiculados pelos media sobre a violência conjugal, analisando a sua transformação ao longo do tempo, desde 1965 até 2006, na imprensa não-jornalística portuguesa. Revendo as propostas mais tradicionais sobre a relação entre media e violência, as autoras propõem uma conceptualização construcionista da mesma, que simultaneamente considera os media reflexo da cultura dominante e elementos construtores dessa mesma cultura. Após uma revisão dos estudos internacionais sobre a representação mediática da violência conjugal, apresenta-se um estudo empírico baseado na análise dos textos sobre a violência conjugal, produzidos por seis perfis de publicação ao longo dos últimos 40 anos. Da análise efectuada, ressalta a reduzida produção discursiva sobre o tema, a sua associação às temáticas da emocionalidade/paixão e a sua atribuição a causas internas. Salienta-se também a procura de novos ângulos para o problema (e.g., violência feminina), que minimizam e obscurecem a violência conjugal mais comum, exercida pelos homens contra as mulheres, assim como a presença de viés de género nas explicações para a violência (e.g., violência masculina emocional vs. violência feminina deliberada). As implicações destas formas de representação na vivência pessoal e social da violência conjugal são discutidas.

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Bibliographic Details
Main Authors: Conde,Ana Rita, Machado,Carla
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Associação Portuguesa de Psicologia (APP) 2010
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-20492010000100002
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