Identidade e literatura: O Eu, o Outro, o Há

A questão de fundo (abordada de um ponto de vista teórico, e com três exemplos): o gesto, quase compulsivo, dos criadores para dizer “Eu sou Outro/Outros”, explicável pela própria natureza desse acto criador. Nos casos mais radicais de oscilação identitária, são diversas, na sua relação com a escrita, as “saídas” encontradas para o “dilema do nome”. Em Fernando Pessoa, através da dissociação e dramatização do Eu (toda a Obra, incluindo a ortónima, é uma construção heterónima, ou heterógrafa); em Paul Celan, pela anulação trágica do Eu, pela via de uma poesia absoluta, em que um Isso, a própria voz da linguagem, fala a partir das ruínas da barbárie sem nome; em Maria Gabriela Llansol, por uma tripla via: discursiva (a das vozes do texto); genológica (o caso singular da “autobiografia” transformada em “signografia”); e filosófica (o salto do plano do Eu para o do “Há”, do registo pessoal/impessoal para a escrita à distância de si e do nome).

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Bibliographic Details
Main Author: Barrento,João
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho 2012
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0807-89672012000300002
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