Epidemias, estado e sociedade: Minas Gerais na segunda metade do século XIX
Um dos aspectos que marcam as análises das doenças epidêmicas é a noção de crise: as epidemias são geralmente percebidas como eventos que fogem ao enquadramento engendrado pelos ordenamentos e práticas cotidianos, ultrapassando a experiência individual - o sofrimento, a ameaça da morte -, colocando em risco as próprias estruturas sociais, a ordem pública, as atividades econômicas, os valores morais. Entretanto, esses eventos também podem esclarecer sobre o modo como as sociedades organizam a assistência à saúde em tempos de normalidade, como a extensão e os limites da atuação das autoridades e o papel das populações no provimento de suas necessidades cotidianas. Este artigo aborda a organização dos serviços de assistência à saúde na província de Minas Gerais (Brasil) durante dois episódios epidêmicos - varíola (1873-1875) e o cólera (1855-1856) - identificando os problemas vivenciados pela população de Minas e as ações do poder público durante o curso dessas moléstias. Por outro lado, sugerimos que as dificuldades vivenciadas quando da instalação do cólera ou do recrudescimento da varíola, na verdade evidenciavam e aprofundavam as deficiências que caracterizavam o atendimento a saúde naquela sociedade, e que a mobilização social em torno dos doentes não se constituía uma novidade, uma vez que a intervenção do Estado no âmbito da saúde pública durante o período examinado era bastante reduzida, não prescindido da iniciativa e do apoio da sociedade civil.
Main Author: | |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Universidad de Granada
2011
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Online Access: | http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0211-95362011000100003 |
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