Autonomia, paternalismo e dominação na formação das preferências

A questão da formação das preferências é ignorada pela maior parte da ciência política. A política seria um espaço apenas de agregação de preferências prévias. A justificativa do pensamento liberal para recusar a crítica da produção das preferências é a ideia de que cada um é o melhor juiz das próprias preferências. Caso não aceitemos isso, estamos caindo no paternalismo, em que a autonomia do agente é ameaçada pela ideia de que um observador externo estará em condições de identificar suas "verdadeiras" preferências mesmo contra sua vontade expressa. Meu argumento aqui é de que a posição antipaternalista está correta, em princípio, mas desloca a discussão. O principal obstáculo à formação autônoma de preferências não é o paternalismo, mas a dominação. Indivíduos e grupos têm dificuldade de formular e expressar autonomamente suas preferências quando estão sujeitos a relações de dominação.

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Bibliographic Details
Main Author: Miguel,Luis Felipe
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Centro de Estudos de Opinião Pública da Universidade Estadual de Campinas 2015
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-62762015000300601
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