Recuperação populacional e fecundidade dos Kamaiurá, povo Tupi do Alto Xingu, Brasil Central, 1970-2003
Este trabalho analisa a fecundidade dos Kamaiurá, povo Tupi habitante do Parque Indígena do Xingu (PIX), entre 1970 e 2003. As fontes de dados foram os registros do Programa de Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) no Parque Indígena do Xingu e levantamentos de campo realizados em 2003. O estudo mostrou que até 1966 a população Kamaiurá manteve-se estável devido à alta mortalidade por epidemias de doenças infecciosas e disputas com os povos da região, assim como à fecundidade moderada. Entre 1967 e 2002, essa população cresceu 3,5% ao ano. O nível da fecundidade das Kamaiurá passou de 5,7 para 6,2 filhos por mulher, entre 1970 e 2003, tendo atingido seu valor máximo em 1980 (6,6). A partir da década de 1990, houve um envelhecimento do padrão reprodutivo, evidenciado pela redução dos níveis de fecundidade das mulheres com até 24 anos e aumento entre as mulheres dos demais grupos etários. A média de idade ao nascimento do primeiro filho aumentou de 16,2 para 18,8 anos, no período 1970-2003, e a proporção de mulheres solteiras maiores de 15 anos de idade também cresceu: de 6,3%, em 1971, para 26%, em 2003. Nesse período, o intervalo entre os nascimentos variou entre 30,3 e 36 meses. O aumento da fecundidade dos Kamaiurá foi favorecido pela melhoria das condições de saúde decorrente da queda da mortalidade, mas ocorreu sem o abandono de suas práticas tradicionais de controle da natalidade, o que lhes permitiu crescer de forma racional e equilibrada.
Main Authors: | , |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública.
2007
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902007000200005 |
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