Hierarquia de gênero e iniqüidade em saúde
O artigo problematiza a utilização de categorias universais na análise dos fenômenos sociais e propõe que se proceda a uma contextualização histórica e culutural dos significados de tais categorias. Parte-se de uma crítia à concepção de indivíduo neutro e universal que, por intermédio das idéias de igualdade e autonomia, constitui o eixo dos valores ocidentais modernos. O argumento principal é que as idéias de igualdade e autonomia se conformaram historiamente como atributos do sexo masculino. Isto porque na gênese do indivíduo moderno não houve espaço para que a diferença sexual se expressasse de forma igualitária, traduzindo-se, ao contrário, por meio de uma dicotomia entre público e privado atribuída segundo o gênero. A ruptura desta dicotomia por parte das mulheres é vista como parte da emergência dos novos sujeitos sociais, que colocam na agenda política e cultural ccontemporânea a idéia da diferença. Em seguida, examina-se, com base em alguns autores, a necessidade de superar o dilema teórico e político que reduz a complexidade das relações sociais a polaridades dicotômicas. Finalmente, utiliza-se a perspectiva discutida para mostrar como a hierarquia de gênero expressa-se mediante a dicotomia público/privado e a concepção de indivíduo neutro vincula-se a alguns tipos de iniqüidades em saúde.
Main Author: | |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva
1994
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73311994000100001 |
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