O racismo na infância e a infância do racismo: vida e rastros de uma criança negra

Resumo Este artigo, com base em uma metodologia arqueogenealógica, teve como objetivo resgatar e cartografar fragmentos de vida de uma criança negra em um documento judicial alocado no Museu Histórico Simonense no ano de 1861 e, sequencialmente, entender esse documento, seus discursos e posições, decifrando como funcionava a maquinaria jurídica em seu mais expressivo conceito de poder-saber e quais olhares e tratativas o poderio local lançava para administrar vidas e corpos. O trabalho procurou entender também como, naquele contexto oitocentista, “cor” e “raça” influenciavam os deslindes processuais. Concluiu-se, com o trabalho, que em meados do século XIX nascia uma nova ideia de criança. Esse modelo de criança, idealizado naquele momento pela medicina higienista, serviria somente à criança branca, católica, de posses. Ele não ampararia a criança negra. Não se tratava somente de um tipo de racismo já existente, mas, sim, de um tipo novo de racismo que nascia junto com a própria ideia de criança. Era a infância desse tipo de racismo no Brasil. E esse racismo teria consequências nos processos judiciais em que figuravam crianças negras. Ele geraria uma justiça seletiva, com decisões judiciais afetadas pela questão racial.

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Bibliographic Details
Main Authors: Ferreira,Emerson Benedito, Abramowicz,Anete
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: UNICAMP - Faculdade de Educação 2022
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072022000100536
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