A gênese da favela carioca. A produção anterior às ciências sociais
O artigo mostra o lugar ocupado pela favela e seus moradores no debate político e social da primeira metade do século XX, ressaltando a produção de conhecimento que foi gerada por jornalistas, médicos, engenheiros e assistentes sociais no período que antecede o desenvolvimento das ciências sociais e da universidade no Brasil. Propõe que o processo de construção social da representação da favela, que então se inicia, deve ser analisado a partir de uma periodização distinta daquela já consagrada e que tem como marco de referência a relação do Estado com a favela e desta com o tipo de regime político vigente em diferentes momentos históricos. A periodização sugerida pela autora compreende um momento inicial, marcado por um mito de origem, a visão de Euclides da Cunha do arraial de Canudos em sua obra Os sertões, período em que a favela carioca é descoberta e descrita transpondo-se a dualidade litoral versus sertão para a cena urbana, pela oposição da cidade à favela. Segue-se a este período de descoberta um período de transformação da favela em problema social e urbano, seguido de um terceiro momento, quando a idéia de administrar o problema toma a forma de medidas e políticas concretas. Um quarto momento inclui a produção de dados oficiais através de censos de favelas e a transformação de um fenômeno local em realidade nacional. O artigo mostra que à favela centenária corresponde uma representação social que já é praticamente centenária também, um legado importante que as ciências sociais de hoje não podem descartar.
Main Author: | |
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Format: | Digital revista |
Language: | Portuguese |
Published: |
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais - ANPOCS
2000
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Online Access: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092000000300001 |
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