Freud: um monista mentalista?

É possível conceber a mente como um processo que emerge do corpo sem que possa ser reduzida a ele? Argumentamos que, ao situar as operações cerebrais mais próximas do terreno do significado, Freud desenvolve uma perspectiva energética do psiquismo que, além de se aproximar da moderna teoria científica da complexidade auto-organizada, é capaz de questionar as definições e categorias dualistas que tradicionalmente são aplicadas à relação mente-corpo. Com isso, Freud nos permite pensar em um corpo vivencial e multidimensional que difere do corpo abstrato da Modernidade, paradigmático ainda hoje para a maior parte das ciências que pesquisam o comportamento humano. A partir daí concluímos que, embora haja uma clara hegemonia do conhecimento biológico no estudo da mente, a contribuição freudiana que aponta a impossibilidade de traduzirmos completamente nossa experiência corporal em linguagem não pode ser ignorada, pois permite a conquista de uma nova racionalidade.

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Bibliographic Details
Main Author: Cândido,Carla Laino
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília 2003
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722003000200004
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